AS RIQUEZAS DO INTERIOR
Riquezas do Interior, o livro de estréia da escritora mineira Elenise Evaristo, abre caminhos no cenário literário brasileiro com a telúrica brejeirice de Minas Gerais. É em horinhas de descuido, como diria o também mineiro Guimarães Rosa, que Elenise capta momentos do cotidiano das cidades do interior e, com uma linguagem leve e acessível, convida o leitor a conhecer as riquezas de suas lembranças e de sua terra. Amalgamado ao seu estilo, Elenise utiliza seu repertório de leitora que vai de Drummond a Proust, passando por Machado de Assis e Rachel de Queiroz, para dar forma a sua escrita. Nas 27 crônicas que compõem o livro, a escritora traz à tona a imagem dos contadores de “causos”, a alegria das festas tradicionais, a inata religiosidade do povo de Minas, a singularidade da cultura popular das Gerais e reverencia personalidades marcantes e importantes por sua “mineirice”, como Fernando Sabino e Juscelino Kubitschek. Sob o olhar sensível e aguçado da autora, são resgatados valores humanos que, ao contrário do que se pensa, não ficaram perdidos no tempo, mas adormecidos no íntimo de cada um. Riquezas do Interior é um convite para que esses valores sejam despertados e para que possam ser postos em prática o quanto antes. Um mergulho no interior de cada indivíduo. Uma percepção das riquezas do ser humano. É o que Elenise Evaristo desafia seu leitor a fazer. * Texto escrito por Ana Carla Nunes e Beatriz Badim de Campos
"Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias"
F.Pessoa
Um dos meus escritores preferidos, sem dúvidas, é o engmático Fernando Pessoa. Fernando Antônio Nogueira Pessoa. O que existia por trás dos óculos, do bigode aparado,seu terno alinhado , que pessoa era aquela? Dono de uma inteligência inigualável, criou mais de 73 heterônimos. Os três mais em evidência são Alberto Caieiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Alberto Caeiro, mestre de todos heterônimos.Estudos dizem ser mestre do próprio idioleto de Fernando Pessoa, criou o livro o Guardador de Rebanhos, um dos mais famosos. O que importa é o mundo não-ser; para ele, todas as substâncias que existem no mundo são originais, autênticas. Álvaro de Campos nasceu em 1890 em Tavira e é engenheiro, se define como um poeta sonambólico, conforme escreveu no poema Opiário. Ricardo Reis, médico que não exercia a profissão, estudou com afinco o Helenismo, com exímia formação clássica.Nasceu no dia 28 de Janeiro de 1914.Escreveu verdadeiras odes horacianas .
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Ontem minha sobrinha pediu estava vendo um filminho e pediu para que eu fizesse pipoca para ela. Sofia gosta que somente eu faça a pipoca, pois não deixo ficar os piruás. Além disso, crio uma brincadeira para com ela, digo que faço um pó mágico para temperar as saltitantes pipocas. A danadinha quer que quer saber o que uso, mas não digo. Na verdade, são estes temperos em pó, faço uma verdadeira mistureba. Apesar de toda química encontrada nestes condimentos, uma vez ou outra abuso, esbaldando na tigela da saborosa pipoca. Sempre quando posso me junta à Sofia, nos divertindo com seus filminhos e desenhos , sem deixar de lado , óbvio, nossa sagrada pipoquinha.
Um dos sons produzidos “artificialmente” que mais me comove é o barulho do trem,realmente, sopita meu coração, assim como o badalar dos sinos nas cidadezinhas do interior.O barulho do trem, tão bem declamado no poema de Manuel Bandeira “ Trem de Ferro”, que, se lido em forma de jogral, faz uma perfeita imitação sonora do barulho do trem, ao ritmo do café com pão, café com pão....Ah! Quem não se alegra ao ouvir os versos escuto o trem a cantar na belíssima composição Toada do grupo Boca Livre?Sem falar do quixotesco Viramundo, o Grande Mentecapto,que, após uma aposta, fez parar o trem que nunca parava em sua cidade, tornando-se um herói, sutileza do bom mineiro. O trem... presente em nossa história, em nossa Literatura.
Depois de um dia estressante, encontro com o velho trem de carga(infelizmente, não peguei o trem de passageiros aqui em Três Corações( hoje só existem os de carga)cruzando a faixa dos encolarizados motoristas. Eu, ao contrário, paro e tranquila, ouço seu som prosador que remete à infância. “Evém” o trem, máquina produzida pelos homens, hercúleo, constratando com a beleza natural dos ipês amarelos a enfeitar seu caminho.Recordo-me que adorava ir passear perto da antiga Maria Fumaça que existe na estação de Três Corações, infelizmente ali parada, chorando por seus dias gloriosos.
O barulho me lembra chaminé, mato, nascentes límpidas que vi pelos caminhos das passagens entre a cidade de Lavras e a bucólica Minduri; toda entusiasmada, foi a primeira vez que andei de trem, ainda criança.Infelizmente, os trens para passageiros estão se estancando, e pelo jeito, não demora muito, os de carga também nos deixarão a ver navios,deixando somente uma melancólica saudade.
Num texto de Benefredo de Souza, grande pesquisador e escritor tricordiano, comenta sobre o tempo áureo das ferrovias, onde cito em uma parte : “ O que está sendo necessário é arranjar-se um meio de concentrar todos os negócios do Rio Verde. Seria Possível isso? Basta que o imperador queira. Ele, sua corte e sua capital precisavam tanto de nossos bois....Poderia até nos dar estrada de ferro para levar a sua carne , não é? E deu mesmo a MINAS & RIO, aqui chegada e recebida festivamente, com tiros e rojões neste junho de 1884...” Benefredo escreveu isto anos mais tarde, mal sabia ele que os trens já não percorreriam tanto as ferrovias.
O fim de grande parte da ferrovia nacional se destacou ainda mais com a liquidação da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima RFFSA– triste fato.Efeito da modernização. Bom, mas enquanto temos aqui em Minas a velha Maria Fumaça que liga São João Del Rei a Tiradentes, que espero que nunca cesse, batendo sempre os sinos da esperança.
O barulho do trem, que sobre suas pesadas rodas, pode nos remeter à terra dos sonhos, da inocência, sentimento que as mais belas palavras não conseguem traduzir.
Dizem que Agosto é o mês do “cachorro louco”. Sei de uma definição científica não muito esclarecedora sobre o fato, de que neste mês há uma maior quantidade de cadelas no cio, devido às mudanças climáticas, ocasionando muita promiscuidade entre a matilha, e maior contágio de raiva já que é neste período que contraem a doença. Verdade? Não sei, nunca preocupei em saber. O fato é que o mês, outrora denominado Sextil, foi renomeado Agosto, em homenagem ao digníssimo imperador César Augusto e causa medo em muita gente.
Passei um final de semana em meio ao vento delicioso da cidade de São Thomé das Letras. No caminho, roças com o inconfundível cheiro das chaminés, porteiras rangedoras que contam histórias do passado.Paisagem digna da escrita de Fernando pessoa na pele de Álvaro de Campos.A cidade continua ali, com os turistas em busca de descanso encontrado entre as pedras.O pôr - do –sol, cada vez único que faz refletir até os mais apressados. O conjunto me faz pensar sobre a beleza de Minas.
Minas e Bahia são folclóricas, diz o jornalista e cronista carioca Arnaldo Jabor, revelando uma pontinha de inveja bem-humorada por não ter nascido num destes dois estados tão pluriversais e tão raízes em suas singularidades.Drummond já dizia que tinha pena do mar, por ele não banhar Minas, afinal, qual o encanto desta terrinha tão cantada e recontada por seus filhos?
* imagem coração :simonibarbosa.wordpress.com/.../coracao-partido/
Foi com imensa satisfação que assisti mais uma vez a festa, desta vez julina, mas com todos os caracteres da festa junina, da Escola Estadual Jorge Avellar Neto. Sempre que volto ao local, tenho boas lembranças dos meus tempos pueris.
A tarde de inverno com o suave sol criou um clima de aconchego. O verde da mata ao fundo tornou a paisagem ainda mais bonita com a cor verde do Brasil, que perdeu a Copa, mas não perde suas raízes, como as tradicionais quadrilhas e festas do interior. O arraiá do Nhô Neto aconteceu nas ruas próximas à escola, com direito a barraquinhas com deliciosos quitutes e bebidas típicas, tudo muito bem caprichado. A equipe da escola estava toda presente, atendendo a todos com atenção e organização.
A primeira apresentação foi da quadrilha maluca, com os alunos maiores, descontração na dança. Com o breve intervalo, deu pra aproveitar ainda mais os pastéis, que confesso, não resisto. Depois foi a vez da dança country, um show nos pés! Logo em seguida foi a vez dos pequenininhos, fragmentos de doçura. Por último, a eleição do rei e rainha da pipoca, com uma belíssima coroa ornamentada com pipocas e brindes para os ganhadores.
Foi uma tarde de fulgor, que certamente ficará na minha memória afetiva. Recordo dos meus dias ali, como estudante... Depois, momentos de minha sobrinha, Sofia, que também estuda lá há cinco anos, e no final deste ano deixará, certamente, com grandes saudades, a escola, concluindo os primeiros anos do Ensino Fundamental. Um ínfimo e grandioso ciclo de sua vida. Parabéns mais uma vez à diretora Lucidalva Pinheiro e a todos profissionais da Escola, que não cessam de levar adiante a educação, proporcionando sempre momentos de diversão e ternura, como esta bela festa aos alunos que, um dia, assim como eu, recordarão com carinho.
Estamos nos primeiros dias de Julho, o outono foi-se deixando nos com ares de saudade das suas tardes avermelhadas. Fez muito frio no Outono, teve dias em que tive que dormir com 4 cobertas, duas meias, duas calças, friorenta que só eu sei ser, apesar de amar o frio, devo enfrentá-lo prevenida. Pois bem, como disse, estamos em Julho, estou aqui diante do computador, sem minhas habituais meias, uma blusa de frio, bem levinha.
Fico pensando, mudaram as estações climáticas, está bem mais quente... Agora que era para fazer frio, não está tanto assim. As estações estão misturadas, o que antes eram tão bem definidas, provalvemente consequencia da destruição da camada de ozônio e da degradação da natureza.Com o exagerado calor, vem as mazelas... Recordo-me que quando criança, no período doa primavera / verão, apareciam as delicadas aleluias, aqueles cupins com asas(pensava que fossem algum tipo de formiga aladas), mas fazíamos a festa com as aleluinhas, brincando com as bichinhas, colocando nas roupas, com a preocupação de não quebrar suas asinhas, verdadeira alegria.Agora, o que mais aparece nas estações quentes é o impertinente pernilongo, a zunir durante vários meses em busca de sangue humano, cada vez mais ferozes.
Não reclamo da época quente, afinal, mesmo preferindo o sonolento frio, gosto de qualquer estação. Só quero dizer que as estações climáticas estão mudadas...
Não posso esquecer de dizer que temos as estações da vida, estas, imutáveis, a época de infância , a época madura, que nos firmamos como adultos e a derradeira velhice. Criança, vida, novo, aprendizagem. Adultos, preparação, luta, glórias, derrotas. Velhice, descanso, paz ou inferno para alguns que não souberam aproveitar, cuidar da vida, ou que por uma ironia do destino, foram privados de viverem dignamente.
Comecei a falar de clima, depois fui para as etapas da vida, mas propositalmente quis fazer um paralelo. Se as estações climáticas alteraram, as estações da vida são fatídicas. É preciso saber passar pelas intempéries das estações vitais. Diz Drummond que há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons. Os bombons da infância já foram saboreados, alguns ainda sentem o gostinho. Mas que preparemos nossa vida, para que possamos conscientes poder saborear os bombons da velhice.
Sabemos que o mundo vive a desenfreada busca pelo dinheiro, produzindo cada vez mais fábricas poluentes,onde, empresários na ânsia de ganhar dinheiro, não se preocupa em poupar o meio ambiente, não importando com o futuro de seus filhos e netos, despejando seus resíduos químicos em rios já semi-mortos pela poluição.O desmatamento, que casa um grande desequilíbrio no ecossistema, tudo isto não interessa aos fazendeiros e outros produtores, que vão cada vez mais ferindo mata adentro. Aluvião acontece a todo instante, reflexo da ação do homem. Inúmeras são as manifestações da revolta da natureza.
Movimentos como o Greenpeace, tentam fazer sua parte, mas ainda falta muita conscientização.A mítica Mãe terra, Gaya, sofre por seus filhos, vendo que estão causando sua própria destruição. Ainda me lembro que, quando criança, havia uma mina perto de casa, a água límpida escorria pelos dedos, como era refrescante, saborosa, gostinho de brincadeira. Hoje, a mina ainda existe, só que desativada para beber de sua água.A degradação acontece por todo canto, um exemplo são as manchas que levam tempo para deteriorarem no oceano, oriundas de colossais petroleiros , matando assim a vida dos fundos dos mares.
O comentado filme 2012 impressiona pelas cenas ,mostrando bem os fenômenos catastróficos que aconteceriam no citado ano.Ficção à parte, façamos nossa parte enquanto é tempo, porque depois não adiantará nada construirmos barcos gigantes no Himalaia como no filme do cenário apocalíptico 2012, ou de fazer a grande barca como o bíblico Noé, que afinal, levou só os animais...
Uma das primeiras crônicas que tive acesso foi a de Rubem Braga, intitulada Flor de Maio.Aquele poema em forma de crônica, despertou em mim as mais puras emoções. Com uma visão sensível e docemente refinada , como só os cronistas sabem temperar os fatos do cotidiano, o texto relata sobre a notícia de um jornal sobre o nascimento da chamada flor de maio, ou flor de seda, no Jardim Botânico, em meios a tantas outras notícias . O autor fica contaminado pela notícia, e faz a crônica, dizendo ficar feliz se alguém, através da leitura de sua crônica, puder ir visitar a flor de maio , deixando de lado, alguns afazeres.-“ Ir só, no fim da tarde, ver a flor de maio, aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia inteiro da cidade imensa(...)”.
A crônica nunca saiu de minha memória afetiva ...A flor de Maio, que floresce só no outono.Dependurada na pontinha do caule meio pontiagudo e verdinho, é de grande beleza, muito apreciada pelos beija-flores. Tornou-se uma das minhas flores preferidas( talvez pela reverência que a crônica de Rubem Braga me causou) em paralelo com a orquídea.
Peço licença então, para falar da minha flor de maio. Pois há algum tempo comecei a conhecer as espécies das flores, e soube que aqui em casa tinha a flor de maio, e foi amor à primeira vista. Temos três vasos com espécies da referida flor, dois no quintal, na cor branca e um no alpendre , na cor rosa (palavra arcaica e interiorana, mas que já me acostumei, assim como tantas outras). E foi justamente neste vasinho do alpendre que a primeira flor de maio brotou, tímida e onipotente, a esperar por suas irmãs. O vaso fica misturado aos xaxins, de pequenas flores e outras folhagens, e hoje passando vi aquele ponto meio rosado, puxei a planta e lá estava a danadinha, que deve ter aproximadamente uns três dias de vida na minha concepção. Um descuido não tê-la visto antes, devaneios do dia-a-dia.Espero que a crônica do mestre tenha levado bastante gente ao Jardim Botânico,na época em que foi escrita: enamorados, velhinhos, zangados, depressivos, poetas, artistas e outros , assim como conseguiu me surpreender com seu jeito de escrever, conquistando uma verdadeira admiradora da outonal flor de maio, sabendo que posso achá-la em qualquer circunstância do jardim da vida.
Hoje completa neste 13 de Maio de 2010, 10 anos, e você Sofia, está ai, alegre a brincar com seu inseparável cãozinho Toquinho, bagunceiros como só, bagunceiros não, felizes. Esguia e linda, estudiosa, prestes a ir para a 5 série, carinhosa e esperta.
Sofia significa: a sábia, sabedoria... ainda me lembro de seus perguntas, ainda por volta de 3, 4 anos, perguntas inteligíveis; e ela não mede esforços não, é líder nas brincadeiras, apazigua os ânimos dos coleguinhas,para ela a vida é uma festa, sempre envolta com suas canções.Foi a primogênita dos priminhos, em minha família,que numa época de perdas, veio como uma verdadeiro presente em nossas vidas.
Com suas historinhas da Turma da Mônica, sabe puxar as brincadeiras, não é raro eu estar sentada, lendo e Sofia começar com seu incansável “E ai...” e ai lá vem história, com quem tiver por perto, uma imaginação incrível, que perdoa seu único defeito de querer um lanchinho “nas mãos”, pachorramente sentadinha no sofá, assistindo ao Sítio do Pica Pau Amarelo. Brincadeira, afinal, é bem comportada, e merece este pequeno sacrifício.Espero que cresça com todos bons sentimentos no coração, e que jamais deixe este seu lado espirituoso de lado, característica que torna você tão especial.
São tantas histórias, não é, mocinha? Você, quando criança, se assustando com o chafariz barroco com cara de belzebu na cidade de Sabará, abriu o maior berreiro, não me esqueço jamais... O nosso segredinho da estrela cadente... Você ainda pequenininha, acompanhando as “Pastorinhas” junto com as crianças maiores. Aquele pardalzinho que pegou para cuidar , com a perninha machucada, o coitadinho não resistiu uma noite sequer, e você contou o fato para todos que quisessem ouvir, com os olhinhos (hoje amendoados, mais claros, assim como seus cabelos) rasos d´água. São histórias que esta tia coruja aqui não esquece, e escrevi este pequeno texto informal, e em singelas palavras dizer o quanto você é importante. Desejo, neste dia tão especial, que é seu aniversário, que Deus a abençoe sempre e que a estrela, nossa estrela cadente sempre guie seus passos no céu da vida. Parabéns, Sofia.
Mas vamos ao Lolinho. Um dia de Setembro de 1.997, fui fazer compras com minha mãe. Voltamos para casa. Lolinho havia sumido, abruptamente, fugiu de casa. Ah, chorei por causa do danadinho, pensando onde estaria, que sofreria, que podia morrer de frio, estas coisas tolas, sem pensar que os animais sabem se virar melhor que os “humanos”. Mas foi um momento triste para mim. Pois bem, minha mãe neste dia estava incógnita desde a manhã, como nunca vi. E logo que viu minha tristeza, começou a falar ponderadamente sobre liberdade, que Lolinho estava bem, que aves gostam de liberdade, ela sempre calada, estava diferente, naquele discurso. Lembro-me direitinho de algumas de suas palavras, que não saem de minha memória afetiva: “Ele agora está feliz, não está mais preso, era melhor do que ficar aqui... Se pessoas gostam de liberdade, imagine os animais”.
Subitamente, me conformei. Minha mãe assim, tão inquestionável e firme em seu discurso, aceitei o sumiço da ave. Dois dias se passaram, minha mãe faleceu, de ataque cardíaco.Dizem que as pessoas antes de morrer, ficam diferentes. A conversa sobre Lolinho, sobre liberdade. Senti uma dor indizível. Será que estava pressentindo sua morte súbita? Não sei. Alçou voo como Lolinho
Existem pessoas e Pessoas, já disse alguém...Confesso que Ana Carla foi uma pessoa que é a Pessoa. Quando a conheci, em contato com uma amiga minha, através da internet( meio que devo confessar, me repugna, mas quem pode brigar com o destino?), surgiria conversas regas com Milton Nascimento e Fernando Pessoa.Este último é preciso saber dosar né Ana? Acabei ficando bem próxima. Fiquei sabendo que cursava Turismo, portanto, viria a ser turismóloga, palavra pouco usado aqui no canto das Gerais. Além de turismóloga , era baiana , contagiante e leve, ao contrário do mineiro,meditativo e comedido , mas no íntimo,afável nos dizeres do mestre Guimarães Rosa...
Achei que este contato virtual não ia durar muito, mas hoje estamos aí, há mais de dois anos e meio de conhecimento e teimosia. O modo de vida devo confessar, é muito diferente, o que não impede de termos, no entanto, uma cultura com raízes quase iguais.Complicado, eu sei,mas a gente se entende.
Fui conhecer Salvador: esta baiana me apresentou tudo, como deve ser o figurino de uma boa turismóloga, que aliás, recomendo seu trabalho: a cultura, o colorido, energia, a boa conversação detalhada ( ô,povo que falar, adoro, pois sou quieta, imagina eu conversando com outro quieto:afffffff, como dizem os soteropolitanos). Mas não é que acabei adorando a Bahia, já conhecia outrora , estive em Porto Seguro, mas nada se compara à capital, é espetacular. A alegria do povo, o ambiente, cada cantinho aspira história, o clima, enfim um harmonioso conjunto que nos faz esquecer de tudo. Quando lá estive fiquei contagiada com a alegria das pessoas, o contagioso bom dia, o sorriso estampado em suas faces, o bom jeitinho de viver. Uma outra visão significativa de mundo, que nos faze render aos encantos da Bahia.
Mas, escrevo estas singelas palavras para parabenizar você, Ana, uma pessoa especial, por mais um aniversário. Que os bons sentimentos estejam antes de qualquer letra de música, fazendo surgir os mais belos acordes, que um belo pôr-do-sol ilumine seus dias. Desejo, em minha singelidade, que sejas sempre esta pessoa, irrefutável, digna, guerreira, que representa tão bem sua cultura, em especial, a mulher baiana.
Que seu caminho seja belo sempre, e rodeado das pessoas que ama, pois merece, bem sabe eu. Que o caminho sempre esteja aberto pra você, guerreira, mulher e sobretudo, humana. Parabéns, por mais um ano, querida Ana.Obrigada por ser um presente em minha vida. CARPE DIEM.
O ECA frisa que quando uma criança comete um ato infracional, o que foi o caso acima, ele tem todo direito à intervenção estatal, o que acredito, também, tentar manter sua dignidade, e não ser alcunhado de nomes revoltosos que o incitem ainda mais à prática de atos ilícitos. A Constituição desde 1988 reestrutura as políticas sociais, expandindo inclusive os direitos humanos. Existem ainda muito a ser trabalhado, mas dentro do possível, encontramos sim, bons locais que trabalham a família destas crianças. O que temos de oferecer são as chances e os meios de recuperação .
Quando trabalhava em um emprego que lidava com crianças e adolescentes, aconteceu de um belo dia eu ter de acompanhar um menino que havia cometido um pequeno furto até um órgão público de defesa.O menino já era, infelizmente, conhecido na cidade. Por volta de seus 11 anos, até esperar o responsável, estava conversando com o referido garoto, nisto ele estava brincando com as cortinas do local, estas cortinas persianas que abrem e fecham separados por compartimentos divididos em gomos. Me lembro ainda hoje, suas palavras:- Olha tia, quantos pedaços de cortina a senhora ( sim, tratava- nos com todo respeito) acha que tem aqui ? -Eu já contei, adivinha... Mirei os olhos naquele ser frágil, que por situação inconstante tinha que parecer forte da pior maneira para sobreviver e mesmo ganhar respeito no mundo em que vivia.
E ele fez com esmero a cortina acinzentada seu doce brinquedo. Conheci a face de um menino que já tinha de se defender como um homem. Detalhe, que a família do garoto se recusava a melhorar, o desfecho da história, não me convém dizer, mas aquela cena, certamente ficará em minha memória. O que existia por trás daquele menino-homem? Eis a questão. Muitos falam que isto não é desculpa, mas julgar assim é tão fácil, sem conhecer a realidade.
Ressalto que ainda falta muito para que a legislação seja cumprida integralmente, esbarramos ainda em muitas barreiras, faltas de recursos, burocracias, mas cada um fazendo sua pequena parte, com certeza será possível corrigirmos nossas crianças e adolescentes, sobretudo através do amor, e não do desprezo.
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