Um pouquinho sobre a crônica de Machado de Assis; a crônica , meu gênero favorito, que sobrevive aos dias de hoje... 

         Para alguns estudiosos, a crônica brasileira propriamente dita começa com Francisco Otaviano Almeida Rosa, em folhetim, No J. Comércio do Rio de Janeiro, tendo participação também no Correio Mercantil, assinando este último até 1.854, no advento dos românticos.Conforme dados da Enciclopédia da Literatura Brasileira (2001)é notável frisar que : “foi a crônica que abriu caminho ao romancista , afeiçoando os leitores contemporâneos às suas fantasias de um lirismo transbordante”.
           A crônica machadiana , assim como em outros cronistas do século XIX, tende a elaborar estratégias textuais fundamentadas em regras e preceitos teóricos. Produzidos num ambiente de ideais românticos subjetivos e certa liberdade criadora, não atinge completamente o ideal clássico do texto. Neste contexto, Machado de Assis ainda se encontra na luta por uma tradição literária no Brasil. Suas crônicas atualizam os ensinamentos clássicos, porém, numa linguagem não submissa e articuladora do real. A crônica entrelaçada com a formação tradicional dentro da Literatura Brasileira, cria assim um modo ficcional, compreendendo a linguagem como elemento marcante.
            O bom cronista daquela época é aquele que, paradoxo, não se ajoelha aos fatos, sendo o método narrativo mais importante que o simples relatar dos fatos ocorridos na semana. A crônica, então, induz o sujeito empírico a produzir as construções que o identificam socialmente como o agente criador dos sujeitos dentro da linguagem. O escritor, aqui, cria uma relação dialógica entre texto literário e o cotidiano; como narrador perspicaz encontrado no autor, visa um leitor que participe de seu jogo alusivo, dentro da cena política e social que retrata.

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