
O Outono. Sinto as premissas: um ventinho
escorregadio pela manhã, o sol mais terno, fazendo um convite para a caminhada,
parece que a própria natureza vai entrando num ritmo mais suave,para depois
acordar só na primavera. Não sei se é
por gostar tanto dessa estação, o fato é que o outono já está causando a tênue
sensação de chegada em mim.
Sou daquelas
que amam o Outono. Época de hibernar, e por que não, de em paralelo à mudança
da natureza, refletirmos em nossas vidas, despojar para um renascimento
interior,assim como as arvores se despojam das folhas, esperando as folhas
novas...Mas chega de metafísica, deixo isso para o mestre Alberto Caeiro,um dos
(vários) ortônimos de Fernando Pessoa.
No outono geralmente acontece o equinócio, o fenômeno
onde a extensão do dia é igual da noite e os hemisférios Norte e Sul recebem a
mesma quantidade de luz. Equinócio – do Latim, aequus
(igual) e nox (noite) significa então noites iguais. Com o outono o céu começa a
escurecer mais cedo, tornando as noites mais longas, próprio para o hiberno do
corpo e da alma.
Se para alguns
o Outono é cinza, para mim ele tem sempre o segredo de um poema pronto para ser acabado,
escondendo seus mistérios no céu avermelhado
crepuscular ansioso pelo brilho das estrelas .
Outono...Hora
de trocar a salada pela sopa fumegante, ir tirando do guarda-roupa o edredom,
trocar a alegre cerveja pelo refinado vinho. Chocolate quente, filme, pipoca,
amor... companhias do aconchegante
outono.
Como já diria Mário Quintana em seu Hai-kai de outono:
Uma
borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar?
Outono, folha seca,
pronta para renascer em nossos corações. Pausa das estações no ciclo da vida.
imagem: arquivo pessoal