Lendo  Sérgio Porto, ou melhor, ele na figura do cronista mundano Stanislaw Ponte Preta é impossível não se render ao humor característico do autor dentro da prosa da crônica.Para começar, vejamos alguns personagens  da linhagem “fina” dos Ponte Preta, segundo o nobre autor:
 - Tia Zulmira-“ex-condessa prussiana, cozinheira da coluna Prestes, mulher que deslumbrou a Europa com sua beleza...”É a macróbia da Boca do Mato, lugar onde reside, prestando  seus sábios conselhos.
-Altamirando-primo de Stanislaw –“ Mirinho nasceu no ano da desgraça de 1926. Aos cinco anos de idade Mirinho conseguiu um fato inédito na vida dos maus caracteres existentes em todo mundo: foi expulso do Jardim da Infância. A professora pegou-o no recreio, falando de São Francisco de Assis. Preguiçoso e explorador , tem certeza de que poupa a humanidade porque poderia explorá-la ainda mais”.Um bom slogan para alguns políticos.
-Rosamundo das Mercês- “ o nome parece escolhido a dedo, pois sua proverbial distração deixa-o sempre à mercê de tudo”. Ficou rico quando arrumou um emprego de vendedor de bilhetes devido a sua distração. Esqueceu de vender os bilhetes e dois deles eram premiados, acabou ficando com eles e entregou o dinheiro  para sua mentora, tia Zulmira.
            Personagens que podem ser  comparados a Macunaíma, o herói “ torto”nacional.Além desses, existem outros personagens caricaturados, através do fabuloso  diálogo do escritor. Basta ler o famoso livro FEBEAPÁ para entender o que estou falando.Criticando as famigeradas  posturas sociais , situações da época que permanecem inabaláveis pelo ângulo irreverente  e ao mesmo tempo, crítico   do autor, que,  que só ele soube tão bem representar, convidando o leitor a refletir a época em que vive.Stanislaw também critica o intelectual tupiniquim . Não é à toa que o autor vive perguntando ao seu suposto revisor, Osvaldo,  sobre as expressões corretas das palavras no conteúdo das frases, ironizando o gramatiqueiro.Através de seu bom humor brasileiro, leviano na sutileza da leveza, soube construir uma linguagem inovadora e cativante.
Encerro com Jorge de Sá , exímio estudioso das crônicas , em definição ao texto de nosso amado escritor Ponte Preta: O humor , portanto, assume a função de recuperar a poesia, confirmando que a crônica e seu contexto jornalístico são uma realização literária sempre.
            Viva  a crônica nossa de cada dia ,em especial hoje ao inesquecível  Stanislaw Ponte Preta.

imagem:google

Referência: Tia Zulmira e Eu
O melhor de Stanislaw Ponte Preta
(Stanislaw Ponte Preta)
A Crônica( Jorge de Sá)