A estação de Três Corações foi aberta em 1.884, pela E.F. Minas e Rio. Depois, sofreu outras incorporações no nome. A estação funcionou para passageiros até 1.982. Foram anos gloriosos, época de “fartura” como dizem os antigos, período de grandes serviços fornecidos nesta área.
Meu pai era telegrafista da Rede Mineira de Viação . Recordo ternuramente das vezes em que eu podia brincar no pátio do escritório da Rede, hoje transformado em um posto de Saúde. Meu pai se aposentou também em 1.982, aproximadamente quando terminou o trem para passageiros tempos idos aqueles. Sempre me levava para ver a Maria Fumaça, que acho linda e triste, parada em frente à Rodoviária. Gosto muito de olhar os trens, ainda existem por aqui os de cargas.
A primeira vez que andei em um trem foi de Lavras até Minduri,era criança, orgulho homérico este, que comuniquei a todas minhas amigas.Não existe mais este passeio, acabou se também com o passar dos anos.Aqui em Minas, sei que ainda funcionam alguns roteiros de trens turísticos, e os melhores, na minha opinião, são os roteiros de São João del Rei (onde há o lindo museu ferroviário naquela estação), até Tiradentes, e de Ouro Preto à Mariana, onde a Maria Fumaça solta dois apitos agudos e soa os sinos avisando a saída dos turistas, e puxa, espero que permaneçam por muito tempo.

Equipamento dos telegrafistas-Casa da Cultura Godofredo Rangel de Três Corações


Voltando a velha estação, sei que atualmente, a FCA usa a estação para estacionar vagões, e outros parados no local, apodrecendo,são pichados pelos vândalos e usados de dormitórios pelos andarilhos. Fatos que cortam meu coração.
A estação está morta, mas ainda assim há uma morbidez poética no local. Imagino a beleza que foi o local, como num filme, imagino os passageiros transitando por ali, hoje, fantasmas solitários.
Antigos Sinalizadores de trem-Casa da Cultura Godofredo Rangel-Três Corações

O movimento do trem de carga de trigo ainda é quase diário, pelo menos ainda tenho o prazer de ouvir o apito do trem, que soa nostalgicamente.
No meu bairro, a máquina parada em frente ao campo do Buracão, que mais parece um triângulo. Contemplo a máquina parada em meio aos ipês, que rodeiam a linha, próximos a velha Caixa d`agua, enquanto o maquinista energeticamente muda a chave da linha do trem. Lá no fundo, a velha ponte de Ferro sob o Rio Verde, atrás, o pátio que já foi fenômeno de prosperidade. A decadência de uma história.