Ontem foi 1º de Maio, dia do Trabalhador. Hoje recebi um documento através do carteiro, documento que tive de assinar para ser entregue, me fazendo pensar pensar sobre o maravilhoso ofício que é o de  entregar correspondências. Já disse que amo escrever cartas, e acredito que outros também se deliciem com este âmago ato. Espero e acredito que com toda tecnologia, os carteiros sempre terão o que entregar, uma cartinha enamorada, ou mesmo que seja só uma dolorosa carta de cobrança, se bem que hoje tudo pode ser resolvido pela internet. Quem nunca se emocionou com o belíssimo filme “O carteiro e o poeta”, sobre a amizade entre um carteiro, semianalfabeto, que tenta conquistar sua amada com a ajuda do grande poeta Pablo Neruda, em meio à conturbada política que estavam vivendo. Metáfora pura.
Profissão antiga essa, nossos primeiros aspirantes a carteiros foram os tropeiros, que levavam cartas de um rincão a outro. Soldados ansiavam por notícias de entes queridos em época de guerra. Cartas... Como era emocionante, quando crianças, estarmos crentes que nossas cartinhas iriam para o bom Velhinho em época de Natal, genuína  recordação.
Começo, nesse ínterim, a lembrar de outras profissões contínuas,porém  quase não divulgadas, , ainda importantes, e principalmente, atuantes, talvez só com a diferença de ter uma clientela especial. Lembro-me do carpinteiro. O pai de Jesus, são José, era carpinteiro, vi uma imagem linda em alguma igreja, onde o bondoso santo parece estar cortando um pedaço de tábua com algo similar a um serrote, com o menino Jesus observando, do seu lado.Aliás,(tudo vai se encaixando na construção do texto, é incrível),  o padroeiro do meu bairro é São José, e a semana toda foi realizada a novena  e quermesse ao padroeiro, representante do trabalhador em si.Tradição do interior!Meus pais às vezes pediam algo para um excelente carpinteiro, sempre se dispondo com suas ferramentas a consertar, e seu filho hoje segue sua construtora profissão, criando formas e consertando coisas com suas ferramentas mágicas.
Ah, e temos também ainda pelas cidadezinhas de Minas, o antigo leiteiro, só que agora ele entrega o leite em saquinhos  devido à fiscalização, a vantagem é  que ainda vem  até  a porta. Boa lembrança... Quando criança,minha mãe comprava leite de uma senhora, que morava em  uma casa rural, (é comum por aqui casas urbanas em contraste ainda com casas em estilo campesino,  retratos de uma época fértil), eu acordava cedo e fazia questão de ir buscar com uma leiteira de alumínio; ínfimo e  radiante momento de felicidade.
Dentro deste hiato, não  posso me esquecer das costureiras, senhorinhas sentadas em frente às máquinas, fazendo remendos, misturando cores e tecidos, criando roupas para a criançada, com o aconchegante barulho das máquinas a cerzir; hoje se acha tudo pronto nas grandes lojas, em pequenos quartinhos, aqui na cidade tinha muitas.
Outro ofício que mal ouvimos falar é o de sapateiro. No consumismo moderno, é tão mais fácil comprar outro par de sapatos do que pedir ajuda ao sapateiro. Mas confesso, ainda recorro muito a este profissional, e os sapatos e sandálias ficam como novos.
Profissão também“esquecida”, a do professor, o construtor do saber, esquecida porque e apesar de sua grande função, não é valorizada, sendo deixada de lado, tamanho descaso. Mas, tenho esperança ainda de uma reavaliação na Educação, e digo: meus professores trago comigo no coração.Rima verdadeira.
Agora que dei conta, comecei a crônica falando sobre carteiro, e acho que dei o título errado, talvez um outro: “Profissões que ainda Permanecem”, seria mais adequado. Mas seu eu desse outro título, teria de cortar este parágrafo; acho desnecessário. Bom, ia falar do carteiro e naveguei por outras profissões. Quimeras à parte, talvez, eu seja obsoleta, mas são coisas que ainda trago na memória, profissionais que vi exercer o ofício em minha  infância. e Mas ainda vejo por ai, em alguns cantos, resquícios desses ofícios.                                                                                                 Espero também para fechar,  que o ato de escrever pra sempre permaneça,assim como outras profissões que nem sequer imaginamos ainda  existir. Que o ofício do escritor, continue fecundando a imaginação e levando conhecimento, fazendo da arte de escrever um contentamento, como se sente ao receber uma afetuosa carta.

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