Três Corações, Praça Principal Odilon Rezende Andrade. Sempre que posso, me sento num banquinho ali à tarde em dias suaves e coloridos com a cor da Primavera. É sublime  ver a tarde se pondo, com suas luzes claras e avermelhadas.  Pena que poucos têm tempo de apreciar estes transcendentes momentos. Observo que os pombos ficam ali, exibindo seus estupefatos peitos, esperando com graciosidade a pipoca das crianças. Sei que podem causar alguma doença, mas, ali no seu cantinho, como são inocentes!Recordo-me de minha sobrinha Sofia, com seus dois aninhos, correndo ternuramente atrás dos afoitos pombinhos, com a intenção de alimentá-los. Mas os pombos fugiam e depois voltavam timidamente, até que Sofia viu que a melhor solução era tacar a pipoca de longe, onde a avezinha ia buscar sorrateira, na certeza de que ninguém a estava observando em seu território. Tardes graciosas aquelas.
Toda cidade tem sua praça principal, e não pode faltar  o coreto. As atrações são feitas basicamente ali, principalmente em cidadezinhas do interior. Praças possuem um encanto único com cheiro de infância.Recordo aqui  dos dias em que a famosa Velha Guarda de Três Corações ia tocar nas noites, senão me engano, às terças-feiras. Na época eu estudava no velho e saudoso Colégio  Estadual, e sempre que podia cabulava aulas para ouvir o som do afinado samba. Hoje a Velha Guarda já não toca mais nas noites de terças-feiras.
Descendo a memória afetiva, tenho saudades da fonte luminosa, onde fazia questão que meu pai me levasse para apreciá-la, saboreando a  já falada e sagrada pipoquinha, ou deliciando-me com um sorvete. As noites de domingo eram imperdíveis.
Recordações... Comecei falando sobre as tardes na praça, e depois já emendei com a noite... O certo é que Sofia cresceu, está com 12 anos,o samba parou de encantar nossas terças,a fonte luminosa perdeu seu brilho, e os pombos continuam lá, firmes em seu ritual.


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