AS RIQUEZAS DO INTERIOR

Riquezas do Interior, o livro de estréia da escritora mineira Elenise Evaristo, abre caminhos no cenário literário brasileiro com a telúrica brejeirice de Minas Gerais. É em horinhas de descuido, como diria o também mineiro Guimarães Rosa, que Elenise capta momentos do cotidiano das cidades do interior e, com uma linguagem leve e acessível, convida o leitor a conhecer as riquezas de suas lembranças e de sua terra. Amalgamado ao seu estilo, Elenise utiliza seu repertório de leitora que vai de Drummond a Proust, passando por Machado de Assis e Rachel de Queiroz, para dar forma a sua escrita. Nas 27 crônicas que compõem o livro, a escritora traz à tona a imagem dos contadores de “causos”, a alegria das festas tradicionais, a inata religiosidade do povo de Minas, a singularidade da cultura popular das Gerais e reverencia personalidades marcantes e importantes por sua “mineirice”, como Fernando Sabino e Juscelino Kubitschek. Sob o olhar sensível e aguçado da autora, são resgatados valores humanos que, ao contrário do que se pensa, não ficaram perdidos no tempo, mas adormecidos no íntimo de cada um. Riquezas do Interior é um convite para que esses valores sejam despertados e para que possam ser postos em prática o quanto antes. Um mergulho no interior de cada indivíduo. Uma percepção das riquezas do ser humano. É o que Elenise Evaristo desafia seu leitor a fazer. * Texto escrito por Ana Carla Nunes e Beatriz Badim de Campos

Moinhos de Vento


Perambulando por sua propriedade ou visitando amigos da aldeia, o imaginoso fidalgo ia recompondo as aventuras que lia, incluindo-se no enredo principal herói e conduzindo a história a seu bel-prazer.
Trecho de Dom Quixote de La mancha- Miguel de Cervantes



Observo que nesta vida, cada um tem seu moinho de vento, ou seja, seus próprios fantasmas. Dom Quixote, o cavaleiro andante, o ilustre e louco personagem de Miguel de Cervantes, pensava lutar contra dezenas de gigantes, o que na verdade eram moinhos de vento. Sancho Pança, o coerente, sempre o reprimindo, uma forma crítica e simbólica de como os diferentes são tratados.Para alguns, sonhar é proibido.
Acho que cada um tem seu próprio moinho de vento, pequenas pinceladas de escape, que permitem ao homem sair um pouco do monótono e às vezes, sórdido cotidiano.
Dom Quixote conseguiu, mesmo nos momentos finais, após ter criado outros exércitos imaginários, finalmente voltar à realidade. Outros ficam presos, lutando para sempre contra seus moinhos de vento. Fatídico. As pessoas, todas, têm suas pequenas lutas interiores, mentira quem diz que não tem. Os artistas em especial, têm seus momentos de lutar contra os moinhos de vento, pobre daqueles que se entregaram à eles, indo numa viagem sem volta. São muitos os instantes, onde, os poetas das artes ultrapassam o limite de sua criação, e partem para a alienação, entrando em caminhos sem voltas , ficam depressivos, se entregam às drogas, à uma vida desregrada, e acabam, se entregando a maior das batalhas , a depressão, que muitas vezes pode não ter um final feliz.
Confesso que tenho meus momentos de lutar contra meus moinhos de vento, momentos estes, infímos, de catarse, onde preciso da solidão. É um momento meu. Passeando pelas minhas montanhas interiores, como já diria o poeta Drummond. Estes momentos de reflexão são saudáveis, os acho importantes. Outros passam por momentos de reflexão como uma verdadeira tortura. È saber que a vida é bela, que os momentos são transitórios e que se tem um destino a cumprir dentro de um livre arbítrio que nos foi dado.
Cada um sabe de seus próprios moinhos de ventos, só não esqueçamos de voltar à realidade que, com todos seus problemas, tem seu lado bom, e que vale a pena encarar as batalhas reais, não permanecendo por longo tempo nas imaginárias como as de Dom Quixote. A vida é bela com todos os moinhos de vento. Finalizo com trechos da letra de Frejat e Dulce Quental:

Baby, compra o jornal
E vem ver o sol
Ele continua a brilhar
Apesar de tanta barbaridade...
***
O Poeta está vivo
Com seus moinhos de vento
A impulsionar
A grande roda da história
***


Linda música. Façamos nossa história, mesmo com eventuais moinhos de vento em nossos campos.

Feliz Natal !

Gostaria de traduzir meu sentimento e meu sincero desejo de Natal,mas isto já foi bem comentado pelo grande mestre Drummond, o qual , se encontrando no paraíso celeste,peço licença para colocar seu inenarrável e maravilhoso texto.

Feliz Natal a todos.
Elenise






Organiza o Natal


Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.



A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.


Carlos Drummond de Andrade

Arrumando a gaveta


Estava aqui, arrumando minha gaveta da cômoda,cheia de papeizinhos, onde meus pensamentos viajam, idéias surgem, reflito. Arrumar meus trenzinhos é um dos infinitos rituais, um ato onde me encontro.
É quase natal, jogo alguns papéis fora, os que escolho, são partes de minha vida, de certa forma. Meu CAT em Filosofia, que nunca usei, perdeu a validade, vou ter de renovar por mais um ano, espero que desta vez faça uso. Confesso que gosto de Filosofia, acho algo paradoxal, pensar é preciso, porém, também agir. Sócrates podia ter evitado sua morte, não precisaria beber cicuta, mas negaria seus princípios, uma faca de dois gumes. Sim, vou jogar meu CAT no lixo, já não me serve mais. Ah, mas foi o primeiro que tirei, vou guardar sim, porque sou tão indecisa?Retiro-o do chão onde estão os papéis que vão para o lixo.




Cartas dos meus amigos, do meu amor, que releio sempre mantendo acesa a paixão. Nem pensar, ficarão guardadinhas ali. Desenhos de minha sobrinha Sofia, são quase todos iguais, mas cada um dado com todo carinho, fora de cogitação; os junto todos. Ficarão ali, guardadinhos.

Lá está a letra de meu falecido pai, num poema que copiou para mim, As Velhas Àrvores , de Olavo Bilac, folha amarelada que guarda a sete chaves.Meu pai, se estivesse aqui ainda presente, estaria recomendando os comes para nossa ceia de Natal, sinto uma dolorosa e doce saudade.
No meio dos papéis estão algumas fotos minha, ainda pequenina, sempre com meu inseparável biquinho na boca, que meus pais pelejaram para tirar de mim, até que esconderam, e, mesmo aos prantos, deixei meu último biquinho rosa aos ventos.Pequenas histórias que fazem parte de minha memória afetiva.

Conforme vou separando os papéis, vou refletindo, fazendo uma faxina também mental. Semana que vem já é Natal. Repenso em minha vida, coisas, que já não servem mais devem ser jogadas no lixo, por mais dolorosas que seja o ato de desapego. Sentimentos como falsidade, interesse (que abomino) devem ser deletados, não cabem e nunca caberão em minha existência, requisitos necessários para uma pessoa continuar em minha vida, independente da posição que ocupa.

Planos para o futuro... metas são traçadas, finalmente deixar minha cidade, que sei, é um bom lugar, mas não pela minha ambição de crescer. Amar perdidamente, não como Florbela Espanca “...Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...” Sou ridiculamente monogâmica, mas não me arrependo. Ter sim, um amor romântico e amor universal por todas pessoas. Espero estudar, aprender sempre mais, ser mais tolerante, papéis em minha vida que devo sim, guardar na gaveta do meu coração.
Que as pessoas tenham no natal em seu coração o Amor, o verdadeiro Dom Supremo, segundo o escritor Henry Drummond. E que os projetos para o próximo ano não fiquem só no rascunho, e sim, alcancem ao menos um lumiar primaveril.

Algumas Riquezas de MInas

Barroco Mineiro-No Barroco (séculoXVIII) predomina a exaltação dos sentimentos, a forte religiosidade expressa de forma dramática. O homem seiscentista vivia atribulado, tentando se expressar pelo culto exagerado das formas. O Barroco Mineiro predominou em Vila Rica (atual Ouro Preto), se estendendo por Diamantina, Mariana, Sabará, Tiradentes, São João del Rei, Congonhas e outros vilarejos da época. Teve seu ápice com os mestres Ataíde e Aleijadinho, sendo que o último construiu Os Doze Profetas e os Passos da Paixão obra exageradamente perfeita, na minha opinião), na igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo.As Irmandades Religiosas decoraram as igrejas com luxo e requinte. Retratos do “Século do ouro’”.


foto retirada de mirandasa.com/2008/02/27/o-aleijadinho/


Juscelino Kubitschek-foi criado praticamente pela mãe, Júlia, já que seu pai faleceu quando era apenas uma criança de três anos Foi um grande apreciador de serenatas e serestas. Não cabe a mim falar de suas conquistas políticas, que foram várias. Destaco somente a construção de Brasília. A idéia de uma capital no centro do Brasil já estava prevista na Constituição republicana de 1.891, sendo adiada por todos os governos posteriores. O Congresso aprovou a lei de nº. 2.874 sancionada por J.K., determinando a mudança da capital federal.As obras, onde um dos líderes era o grande arquiteto Oscar Niemeyer, foi terminada antes do tempo previsto e gerou vários empregos.


Fernando Sabino - São tantos autores mineiros a se falar, Drummond, Guimarães Rosa, Murilo Rubião e outros, mas como é um livro de crônicas, cito o menino Fernando Sabino. O escritor era um leitor compulsivo desde criança e um exímio nadador. Escreveu
o romance “O Encontro Marcado” em 1956, uma de suas obras mais conhecidas, e “O Grande Mentecapto”, em 1979, iniciado mais de trinta anos antes. Amigo de Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, formavam os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, carinhosamente chamados assim. Trabalhou no Consulado Brasileiro. Escreveu crônicas para diversos jornais e revistas do país, Suas crônicas são de uma pureza ímpar, tocando o coração de crianças e adultos. Não deixo de indicar sua produção “A Vitória da Infância”, fatos cotidianos que falam suavemente sobre infância, um grande bálsamo para os corações sensíveis.


Clube da Esquina-Milton Nascimento, quando foi morar em B.H. conheceu os irmãos Borges. Se encontravam na esquina da Rua Divinópolis com a Paraisópolis, surgindo belíssimas canções. Depois se juntaram a eles Fernando Brant, Flávio Venturini, Toninho Horta e outros grandes compositores e músicos. Em 1.972, foi gravado o primeiro LP Clube da Esquina, que assinalou um dos capítulos mais importantes da MPB, conquistando a atenção devido à ousadia artística e riqueza musical poética.


Pão de queijo-o “verdadeiro” pão de queijo consiste em um biscoito de polvilho, e não pode se esquecer da banha de porco. Depois de pronto é impossível comer um só. O comércio do pão de queijo abrange o Exterior. Hoje pode se misturar o que quiser à massa, como ervas, batatas e outros ingredientes. Ainda prefiro o tradicional, numa boa mesa mineira com o café “passado” na hora.




Queijo Mineiro-na segunda metade do século XVIII, os exploradores do ouro partiram para as regiões das minas no Brasil Central, e levaram a elaboração artesanal do queijo. O queijo mineiro é um queijo macio, porém de consistência firme, sua cor interna é branca e a casca fina, meio amarelada. O modo de preparo do queijo Minas artesanal foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Gosto de comê-lo derretido no pão, ou com goiabada cascão, Basta inventar seu modo.


Doce de leite - o doce de leite primeiramente foi feito a partir do leite e melado de cana com o objetivo de “experimentar” a habilidade das escravas cozinheiras e a conservação do leite. E de lá pra cá, temos o doce de leite mole, o cortadinho, todos saborosos e irresistíveis, nas prateleiras dos mercados, nas vendas e paradas de Minas. São tantas riquezas pra contar, pincelei algumas, mas suspeitamente, amo todas!

Retirado do meu livro de crônicas: Riquezas do Interior.

Cenas de um dia de Dezembro

Hoje estou meio assim, digo meio assim, quando há no meu recôndito mistura de sentimentos, que nem eu sei explicar direito. Ontem sem querer, desconfigurei uma coisa importante pra mim, no meu computador, como sou melodramática por natureza, isto me consumiu muito. Dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, também meus pais neste dia fariam anos de casamento, se estivessem vivos. Minha mãe sempre falava que no dia em que se casara chovia, e que chover no casamento dava felicidade, bom, pelo menos, ela foi muito feliz com meu pai. E a chuva que cai agora me faz lembrar disso. Já estou fugindo do problema do computador, eu sei, mas acho que a melancolia tomou conta de mim. É um daqueles dias onde tudo que se quer é um colo.
Como tinha de entregar um livro na Biblioteca amanhã, resolvi ir hoje mesmo. A tênue chuva que insiste até agora em cair não me impediu de sair.com a sombrinha nas mãos, lá fui eu.Caminhar nestes instantes faz bem.





Passando pela praça Central, em frente ao coreto, deparei com uma amiga que fez o Curso de Letras comigo,ela, já casada, começa a falar de sua vida conjugal, de seu filhinho, uma verdadeira comédia, que me faz distrair.Nós duas em baixa de nossas digníssimas sobrinhas, em frente ao coreto,o pessoal passando, e nós ali, entretidas.
Sigo, entrego meu livro, que não terminei de ler, ainda tenho alguns em casa, que trouxe de Salvador, mas ir na Biblioteca pegar livro pra mim é um verdadeiro ritual.Depois passo pela Matriz Sagrada Família, entro, colocaram ali na frente do altar principal a imagem da nossa senhora, a Conceição, ela com suas mãos maternais abertas, sinto ternura em seus olhos.


Passo pelo mercado, pra levar o sagrado pão da tarde, que, junto com a manteiguinha, não tem nada melhor. A fila está enorme, pessoas reclamam. Quanto a mim, observo. Noto que uma caixa gordinha, com grandes olhos verdes, e pincelados com sombra, vai atendendo a todos da minha fila com um boa tarde radiante, e um sorriso verdadeiro. Enquanto todos reclamam na torturante fila, ela exerce seu ofício com alegria;impossível não sair dali, se sentindo melhor com seu doce atendimento.
Chego em casa, Sofia, minha sobrinha, esta com uma amiguinha, ofereço a ela um Nescau quentinho , esta um dia meio frio. Fico ali, com as duas sentadas em volta da mesa, contando suas vidas pueris, e sem querer, a menina derruba o chocolate na mesa. Chora, eu digo que não há problema, isto pode acontecer. A pobrezinha se recompõe (será que seus pais a reprimem por um ato tão normal? Fiquei pensando...).Isto pode acontecer!


Finalzinho de tarde, já quase noite, ainda estou meio ainda chateada, mas não como antes. Como cenas podem mudar o dia da gente, coisas singelas. Gosto muito do cronista Rubem Alves, que vê prazer nas pequenas coisas. E outros já dizem, a felicidade começa de fora para dentro. É um clichê, eu sei. Mas simples comportamentos e contemplação dos acontecimentos mudaram meu dia, me fazendo escrever mais uma crônica. E se escrevi, é sinal de que acendeu em mim uma flama de felicidade.

Hoje, dia 1º de Dezembro se comemora mais uma vez, o Dia Mundial da Luta contra a AIDS. A luta principal não é só contra a doença, mas principalmente contra o preconceito. O tema decorrente é sobre a luta não contra a doença, mas também em relação à discriminação contra a morte social, que acaba fazendo adoecer ainda mais o soropositivo. A AIDS, (síndrome da imunodeficiência adquirida) que há mais de 20 anos assombra a população não é ainda livre de julgamentos, mesmo com tantas pesquisas, tratamentos e campanhas contra a discriminação. A prevenção tem sido, desde o princípio, um difícil processo para os programas de controle da Aids. Anteriormente, era grande o desconhecimento sobre a doença. Desde então, esse quadro sofreu profundas alterações. Houve um grande aumento sobre o conhecimento científico acerca do vírus, suas interações com o organismo, as formas de evitar a transmissão,mas as pessoas ainda não se conscientizam, pensando que nunca poderá acontecer com elas.




A AIDS esta doença alarmante, não escolhe pessoas, não tem o porquê do preconceito. Quem diria que o sociólogo Betinho fatalmente contrairia o vírus em uma transfusão de sangue, procurando se tratar como hemofílico? Tudo bem, que na época os tratamentos de saúde eram mais precários, mas a fatalidade, mesmo em proporções ínfimas pode acontecer... Afinal a ciência não é perfeita.

O coquetel está ai para tratar a doença, embora às vezes provoque efeitos colaterais, que são superados com carinho e atenção de pessoas queridas. Os soropositivos sim, são seres humanos que podem ter uma vida normal. Cada vez mais está se prolongando o tempo de vida, ações sociais com acompanhamento médico promovem ao portador levar uma vida normal como todos. Infelizmente, com tanto preconceito teve de se criar uma lei para proteger os portadores do vírus, A Lei 11.199 de 2002 prevê pena de até quatro anos de detenção para os que as transgridem. Pena uma coisa tão óbvia, como o RESPEITO, ter de ser praticada somente com o surgimento de uma lei.

Não posso deixar de dizer que vi de perto o trabalho de uma entidade tricordiana em prol dos soropositivos, chamada SOLIDARIED`AIDS, que tristemente está prestes a fechar por falta de apoio financeiro. Tive a emoção de viver momentos com pessoas maravilhosas, alguns já se foram, outros estão na luta, com dignidade. As tardes de sábado que tive o privilégio de certa forma, contribuir voluntariamente com estas pessoas tão alegres, que dão o melhor de si, exemplos de vida, pude observar o quanto o ser humano é mesquinho, sempre reclamando de tudo; e elas ali, dançando, se reunindo, expondo seus problemas com um dócil sorriso. Impossível era não sair dali radiante. E pensar que um simples aperto de mão melhorar o dia de uma pessoa.Espero que um milagre aconteça, e a entidade, continue, mesmo que aos poucos, conseguindo levar tratamento e alegria a todos seus membros.

Buscando conscientizar sobre a importância do movimento, O Brasil se encontra em mais um ano em defesa dos direitos e luta contra paradigmas preconceituosos, data que foi criada em 1988, durante Encontro Mundial de ministros de Saúde, em Londres, com a participação de 140 países. O objetivo da data é mobilizar governos e sociedade civil, mas não fique ali nas passeatas, que não seja alvo de manifestações interesseiras, mas ao contrário, este momento deve ser lembrado todo dia, já que a compreensão e amor são remédios eficazes no tratamento da doença.

Sofia e a estrela cadente






“Tenho apenas duas mãos e o sentimento de mundo”, Como afirmou Drummond e é com todo esse sentimento de mundo que envolve beleza, entusiasmo e contemplação que escrevo esta crônica...
Estava eu passeando num sábado de manhã, um dos meus prazeres prediletos (gosto da simplicidade das coisas), levando comigo minha sobrinha Sofia, por sinal uma menina espirituosa, com certa tendência futura às artes. Ela com seus quase seis anos, pulando pela calçada,quando encontra num jardinzinho próximo ao mercado Municipal,uma dessas florezinhas que soltam pelinhos (não sei como se chama). Como boa mineirinha que é já presa aos costumes dos e ditos populares, me pergunta aristocrática, saindo do estado pueril em que se encontrava:
Tia Nise, se eu assoprar os pelinhos e eles voar,mesmo fazer um pedido?
Aquilo me faz acionar minha memória afetiva (com licença, Brandão, mas gostei da expressão), voltei a minha infância, onde o sonho reina no coração, me emocionei. Perto de minha casa, próximo à linha do trem, havia tanto dessas florzinhas, junto com a dorme-dorme, aquela folhinha que a gente toca nela e ela murcha, como se fosse o toque de uma varinha de condão, eram as nossas brincadeiras preferidas, ficávamos extasiadas!Mas voltando ao presente, sorri e disse que sim, que poderia ela fazer o pedido. Tenho por lema nunca podar o momento mágico de uma criança (alias, nem dos adultos quando se permitem demonstrar tais peculiaridades que julgam imbecis, pessoas “grandes” não podem ter esse tipo de pensamento, a sociedade não permite), ai que raiva que tenho das professoras que dizem que Papai Noel não existe. Sofia fica entusiasmada e resolve expor seus dilemas mais profundos de criança comigo:






E se eu vir a estrela cadente, ela vai realizar meu pedido que fizer? Segundo os cientistas, “as estrelas cadentes são fenômenos luminosos produzidos pela entrada na atmosfera terrestre de um conjunto de meteoróides que surgem quase simultaneamente e parecem provir da mesma região do céu dando a impressão de uma chuva de estrelas”. Para mim, é uma figura poética, que atende literalmente o pedido das pessoas que tem bom coração. -Digo que sim, e rapidamente me interrompe inebriante:
_Você já pediu alguma coisa pra ela e foi atendida?-Aquela conversa tão franca e linda de minha sobrinha, um dos momentos em que Ágape (segundo os místicos, o Amor que devora) incendiou minha vida. Respondi que a estrela já havia atendido um pedido meu.
_Então me conta como foi, que eu conto o que pedi pra ela esses dias (ô menininha esperta!).
_ Pedi um serviço e consegui, a estrela cadente me ajudou. -Foi o que me veio na cabeça naquele momento e eu estava feliz, sim, com meu emprego. - Ainda para incrementar o clima de cumplicidade criado, digo que aquilo (a conversa) era um segredo só nosso, se ela contasse a mais alguém, a estrela não realizaria mais os desejos.
_Tia, sabe o que pedi pra ela?
_O que foi Toquinho (apelido carinhoso).
_Eu pedi pra ela que eu quero voar, eu vou conseguir?_ Eu não podia decepcionar aquela pequena serzinha na minha frente, mas confesso que me senti impotente e ignóbil ante aquela pergunta tão simples e complicada, como responder sem demagogia?Comecei a coçar a cabeça, cacoete que tenho quando fico embaraçada. Então sutilmente me veio uma resposta na mente:
_Olha, Papai do Céu só deu asas para os passarinhos, mas você pode voar de avião, de asa delta, de balão e ver as nuvens bem de perto. -Será que a resposta foi convincente...?Bom, ela pareceu satisfeita:
_Então vou pedir pra minha mãe me levar pra andar na asa delta, quero muito voar. - E calou-se com um brilho no olhar...
Aquele sábado de primavera pareceu ganhar mais vida, o azul do céu tornou-se ainda mais puro as flores sorriam para mim (ou será para ela? Para ambas, para o mundo...). É impressionante como uma conversa com uma criança (pequeno anjo) renova o céu presente dentro de nós, céu muitas vezes nublado por não prestarmos atenção aos pequenos detalhes que fazem a diferença.
Voarás sim, linda Sofia, de avião, de asa delta, dos meios aéreos que existem e irás desbravar o horizonte, porém o mais importante: sabes voar para os mais lindos lugares de seu coração, já tens a alma de uma poetisa e tudo lhe será realizado. E seguimos nós duas, inefávicas, com nossos segredos e a estrela cadente por testemunha.

Crônica retirada do meu livro: Riquezas do Interior
Crônica circulante no Projeto: Leitura no ônibus, da cidade de Três Corações.M.G.


Salvador, terra de encanto e magia





Foi com grande emoção que vi o mar pela janela do avião, só assim tive consciência de que tinha chegado em Salvador, aquela terra tão especial.
Salvador, um cidade miscigenada, de vária línguas, de multicoloridades, um outro mundo para mim, mineira casmurra. O sorriso estampado na face baiana, algo que rompe a barreira de qualquer língua estrangeira. No Pelourinho se ouve som de todo jeito, o berimbau dos capoeiristas, a voz suave da moça oferecendo para fazer tranças no cabelo,ofício forte por ali; a inconfundível voz ingleza ao lado de um sotaque carioca, sons de uma cidade que não dorme, Salvador tem um som próprio.







Pude rever um pouco de nossa cultura apresentada pela excelente turismóloga Ana Carla Nunes, uma verdadeira soteropolitana conhecedora de sua história. Entre os pontos turísticos, que são inúmeros, retomo o Pelourinho. O conjunto arquitetônico é fantástico, me sinto dentro de uma tela com todas aquelas cores, os casarões parecem abraçar os turistas, criando uma sensação indizível, “ sem abuso de hipérboles” como digo quando estou extasiada. Ali está a Fundação Casa de Jorge Amado, que retrata a vida e obras do grande escritor baiano, observo como a simplicidade de um escritor que ama sua terra, sua gente pôde conquistar o mundo.


Um dos primeiros lugares turísticos que havia avistado foi o Forte de São Marcelo, construído em 1650 para defender Salvador da invasão dos holandeses , que recebeu do mesmo escritor Jorge Amado a denominação de “ O Umbigo da Bahia”, só conferindo pra ver sua onipotência em pleno mar.


O Mercado Modelo com suas famosas lojinhas tem de tudo, blusinhas, baianinhas, chaveirinhos, miniaturas de berimbaus, bolsas, sem esquecer das famosas fitinhas do Senhor do Bonfim de lembrança. Não posso deixar de falar das Igrejas, a maioria no estilo Barroco, perfeição feita por mãos humanas. Tive o prazer de assistir à uma missa acompanhada pelos sons mágicos do Candomblé, os cantos católicos com a alegria dos terreiros, procurando unir crenças; fiquei com a alma arrepiada, impossível não se sentir tocada. O Elevador Lacerda, que une a cidade, a vista lá de cima é cinematográfica...






São vários lugares, que dariam um verdadeiro compêndio histórico, espero voltar em breve, para conhecer mais essa cidade, que pra mim, é tão diferente pela sua pluralidade, mas ao mesmo tempo, tão igual a minha amada Minas Gerais, representado esta igualdade no sentido do amor patriota das pessoas à cultura popular.
As comidas, quentes como o povo, são deliciosas, o acarajé, confesso que ainda não consegui comer um inteiro, uma verdadeira refeição, pretendo chegar ainda a tal façanha. O saboroso abara, com fumegantes camarões, a moqueca com o tradicional azeite de dendê, difícil não ganhar uns quilinhos extras. Sem falar das frutas tropicais, o caju, que adoro o gostinho azedinho do umbu, a acerola, fruta presente também em Minas e outras tantas que produzem sucos deliciosos.

Salvador, um pedaço do Brasil, certamente um (en) canto que ocupou parte do meu coração.Um sonho.

Dentro do processo feminino, o lobo mau remete a questão edípica, surgindo o desejo inconsciente da menina de ser seduzida pelo pai. Se o pai é companheiro de sua mãe, como então ela livra-se da culpa? Surge nesse instante o papel da avó sendo ela agora responsável pela neta. A proteção excessiva em relação à menina, porém não ajudará a menina a resolver seus conflitos. Criasse de repente um jogo ricamente trabalhando em significado. O lobo aparece na figura da vovó. O lobo mau engole a boa avó. O paradoxo entre proteção e ameaça. Porém, o lobo, o desejo desaparecerá e a, velhinha voltará. Chapeuzinho se redime também da culpa em relação à mamãe a atração foi inconsciente e o resultado foi a aprendizagem. “SE NÃO HOUVESSE ALGO EM NÓS QUE APRECIA O LOBO MAU, ELE NÃO TERIA PODER SOBRE NÓS”. (BETTELHEIM, PAG 208-209, 1980).
Essa luta de impulsos em fazer as coisas certas e entrar em crise inconsciente é o que tece todo ocultismo feminino, tornando a personagem uma das mais queridas do mundo dos contos de fadas. A sutileza da sexualidade que nunca é mencionada merecendo uma interpretação mais refinada é a magia existente e apaixonante de Chapeuzinho Vermelho. A beleza da cor vermelha, voltando à sexualidade; o feminino é totalmente presente nesse conto.A capa vermelha a cor da paixão, o caminho da sexualidade, O ritual de iniciação presente na antiguidade, a menina pronta a virar mulher através da cor vermelha da menstruação. Enquanto isso, a avó descansa, ela está velha e não consegue abrir a porta, fato que representa a transferência da sexualidade através de gerações. “DEIXE-ME SOZINHA, VÁ TER COM A VOVÓ QUE É UMA MULHER MADURA, ELA SERÁ CAPAZ DE LIDAR COM O QUE VOCÊ REPRESENTA, EU NÃO SOU”. (BETTELHEIM, PÁG 210, 1980). De frente com o lobo Chapeuzinho toma conhecimento dos quatros sentidos, que irão orientá-la instintivamente pela puberdade. Segundo Fromm, o lobo pode ser comparado ao tempo, Chronos, e foi responsável por destruir a criança e despertar a mulher existente em chapeuzinho. O desabrochar da libido a partir do vermelho, a menstruação, assim ela agora é defrontada pelo problema do sexo.
No final de Chapeuzinho Vermelho surge a figura do caçador que sendo um personagem que aparece num só momento oportuno, foi o salvador da história. O bom pai isenta de aspectos sedutores. O elo da afetividade o equilíbrio familiar. Chapeuzinho pode retornar para casa. É melhor segui os conselhos da mãe, ver primeiramente como comporta o mundo adulto para poder se reintegrar a ele. Surge aí a importância do superego, que juntamente ao id e ego poderão orientar Chapeuzinho nos embates da vida. É o retorno a casa, o caminho foi de aprendizagem, resultado em conhecimento no interior.
Chapeuzinho Vermelho entrou num duelo oferecido pelo lobo. Ele jogou a carta inicial na narrativa quando convenceu a menina a sair do caminho. O texto contido de vozes feminina no começo parece ser superficial, mas vai se tornando interessante no desenrolar da trama como jogo de palavras, que no meio de perguntas e respostas dão o final do enredo. E todo esse esquema feito dentro de uma simbologia sem erros. É o grande jogo da vida. Concordo com Mariza Mendes em busca dos contos perdidos ao afirmar que Chapeuzinho é o texto mais curto, e ao mesmo tempo, o mais denso em impacto emocional. O feminino ali presente contradiz a um masculino universal a que estamos acostumados. A simples menininha aparentemente frágil consegue superar o lobo, mesmo sendo com a ajuda do caçador ela se sobressai no final da história. A força masculina do lobo foi derrotada pelo feminino. No mundo ainda machista em que vivemos Chapeuzinho deve sempre ser lembrada como uma heroína e sua imagem mantidas como uma personagem especial nos contos de fadas; uma menina. Mulher que ousou desafiar o caminho, e superando os obstáculos conseguiu se sobressair.
Hoje, encontramos diversas paráfrases da historinha de Chapeuzinho Vermelho. Cada autor a seu modo foi transferindo através dos tempos sua versão acrescentando ou modificando pequenos fatos, gerando transformações. Muitos contradizem as posições do outro, a respeito de Chapeuzinho, cada um é claro, defendendo sua posição. Mas o que interessa para nós é a força feminina, os textos ao serem reescritos e recontados contêm em si o feminino. A mãe, a avó e a doce criança ameaçadas pelo lobo com certeza permanecerão na imaginação das crianças, jovens e adultos, que num mundo agitado ainda devem encontrar um tempinho para a fantasia, tornando assim a realidade mais amena.
É preciso esclarecer que o protótipo do lobo é interessante à história por ele ser um devorador da natureza, um elemento conhecido dentro da vida dos camponeses da França do século XVIII. Hoje nossa sociedade é repleta de lobos que não cessam de degradar a força feminina, representada aqui pelos mais fracos. O que aguça alguns deles é o dinheiro, o poder. São capazes de fazes uma verdadeira carnificina pelo que querem. Existem ainda os lobos que seduzem pela conversa, coitada das moças que ainda caem na artimanha instintiva desses animais “(...) EMBORA TENHAM OS LENHADORES EXTERMINADO O LOBO NO CURSO DOS ÚLTIMOS DEZ MIL ANOS, NADA TENHA PERDIDO O LOBO DO SEU TERROR PRIMITIVO”.
Todo conto de fada nos traz uma mensagem que implicitamente ou não nos faz refletir sobre determinados aspectos da vida, principalmente nos aspectos psicológicos.
“MUITOS ADULTOS HOJE EM DIA TENDEM A TOMAR LITERALMENTE O QUE É DITO NOS CONTOS DE FADAS, QUANDO ESTES DEVERIAM SER ENCARADOS COMO RELATOS SIMBÓLICOS DE EXPERIÊNCIAS DE VIDA CRUCIAIS. (BETTELHEIM, PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS, PAG 215, 1980)”.
Chapeuzinho nos alerta que todos somos capazes de uma vida sublime, se dominadas as forças instintivas. Fugir dos problemas é a solução errada. Temos de concordar que se ela não tivesse saído do caminho, não teria o conhecimento de mundo com todos os seus perigos. Saber dosar os impulsos é a chave certa para o nosso equilíbrio, afinal um pouco de rebeldia é necessária.
Nos contos temos a oportunidade de sonhar com um mundo encantado. Quando se narra um conto e se fala o “Era uma vez...” a criança se transporta para um tempo especial, onde elementos aparecem para ajudar o herói. No caso de Chapeuzinho quem aparece para ajudar é um bom caçador. Isso nos leva a refletir que sempre há em nosso caminho pessoas, oportunidades que nos farão crescer sempre mais com o apoio que recebermos. No final das contas, sempre haverá uma mãe uma avó a quem retornar.




Falar sobre o feminino nos contos de fadas é uma tarefa complexa, devido à força da mulher na trajetória da oralidade. Sempre o papel da tagarelice coube à mulher, desde os primórdios. Através de sua língua foi sentenciado o pecado original, no momento em que Eva incentivou Adão a comer a maçã, episódio bíblico que marca a história da humanidade.
Com o passar do tempo, a boa avó assumiu o papel da mulher tagarela, inspirada na imagem de Santa Ana. Ela era o refúgio, a acolhida ao redor do fogo, o aconchego em ouvir histórias despertando a curiosidade não só em crianças, mas também da elite da época. O papel dos contos antes mantido pelas amas faladeiras conquista agora em pleno século XVII os requintados salões. Mesmo sendo criticados por alguns, considerando-os, medíocres, os contos acabam ganhando prestígio por aqueles que entendiam seu significado e beleza.
E assim eles permaneceram até os dias de hoje, atravessando gerações em muitas versões, mas dentro de uma só base, tornando-se imortais através de escritos e principalmente pela oralidade.
Em meio a tantos contos, início dessa forma uma análise sobre chapeuzinho vermelho em algumas versões enfatizando o simbolismo existente na historinha da bela menininha, que ainda encanta a todos.
Antes de qualquer coisa, uso como referência a parábola do Filho Pródigo, em Lucas capítulo 15, versículo 11 a 32. Parábola onde um filho depois de sair de casa e gastar toda sua herança, reconhece, através da perda de seus bens materiais que perderá também todo seu valor interior. Foi preciso que ele passasse por provações no mundo lá fora para que resgatasse seus valores, o que geralmente acontece com as personagens dos contos de fada. Antes de realizarem seus objetivos, é preciso que passem por vários obstáculos, atingindo no final a vitória.
Tomei desta parábola para falar da desobediência, o início da trajetória de Chapeuzinho Vermelho, segundo as versões mais citadas. Ao contrário do conto de Perrault, onde ninguém adverte Chapeuzinho ao se desviar do caminho, sendo sua versão ,infelizmente, somente de significado moral, onde a menina acaba sendo desvalorizada pela sua inocência. As outras histórias começam com a mãe advertindo Chapeuzinho a não se desviar do caminho. Chapeuzinho não por maldade, mas instintivamente desobedece.


Em uma versão remota, Capinha Vermelha come a carne da avó e bebe seu sangue, apesar de vozes advertirem na a não fazer uso. Ela comete o ato do canibalismo sem saber que estava comendo e bebendo dos restos de sua querida avozinha. É o sentido da desobediência, excitante em todos nós. A eterna formação de um ideal de Ego em oposição ao Id. O ego tenta advertira menina através da consciência, mas o impulso é maior, e ela cede sem pensar nas conseqüências.
Através da desobediência, Chapeuzinho cruzou o caminho desconhecido, a adolescente se depara coma realidade, mas ainda permanece o receio de menina. A força feminina representada pela mãe, e que a havia alertado sobre os perigos do caminho não pode ajudá-la, a floresta é voraz, o teto da casinha confortável não vai protegê-la para sempre. Para aprender é necessário ser persistente, ousar experimentar, saindo da estrada afora, desviando do caminho certo “CHAPEUZINHO VERMELHO ABRA BEM OS OLHOS. VEJA QUE FLORES LINDAS... PORQUE VOCÊ NÃO PRESTA ATENÇÃO NAS COISAS QUE ESTÃO EM VOLTA DE VOCÊ”. Liberta-se, porém para o mundo é difícil, cortar o cordão umbilical é doloroso. É necessário ter muita força interior.


Numa das versões dos irmãos Grimm, o caminho da desobediência ressalta no fato dela ser devorada pelo lobo. Chapeuzinho não se entrega facilmente ao lobo, que é toda sedução, suas perguntas despertam a curiosidade em relação ao uso, não o ato em si. O momento em que fica na barriga do lobo foi um breve momento de sono, onde adquire consciência própria de suas ações. Dali surgiria uma nova menina, livre de conceitos pueris.

Foi com uma emoção indescritível que presenciei a III Semana Literária da E.E. Jorge Avellar Neto, que ocorreu nos dias 23 e 24 de Outubro. Emoção pelos belos trabalhos apresentados pelos seus alunos, como peças teatrais, exposição de desenhos, declamação de poemas, tudo feito com capricho e organização.
A Semana Literária fez referências a vários autores infantis, como Monteiro Lobato, Sílvia Orthof, Ziraldo entre outros. Cada turma pesquisou sobre um ator desde o início do ano, estudando e discorrendo sobre sua obra. Falar da escola citada é muito gratificante, pois cursei meu primário lá, e agora, minha sobrinha está fazendo o mesmo processo, e com sucesso. Fiz parte da primeira turma, desde a fundação da escola, em 1985.
Recordo da primeira diretora, senhora Eloísa, com seu jeitinho carismático. Tantas professoras marcantes que tive ali, “tia” Ângela, no pré, “ Dona” Marilene, que depois tornou-se diretora e, já não pertence mais a este plano, tendo cumprido com dignidade sua missão.Depois, “ tia Teresinha Megale”, tia “ Sandrinha” eximias transmissoras do saber...

Tantas recordações boas, a escola cercada de verde; um fato engraçado é que ali perto, não sei se ainda hoje, mas antes, aconteciam muitos redemoinhos de vento, e nós, crianças, ficávamos, eufóricas, pensando que era um saci. Inocente imaginação de antanho. Nossa hortinha, tão produtiva, que os próprios alunos cuidavam. O grande pátio, palco de brincadeiras, onde era celebrado o ritual do recreio. O suave cheiro reminiscente da hora da merenda...
Tudo continua lá, em seu doce cantinho.
Hoje, a escola conta com um projeto integral, oferecendo reforço escolar, oficinas de pintura, aula de crochê, bordado etc., deixando tranquilas as mães que confiam seus filhos à equipe escolar. A diretora, senhora Lucidalva Pinheiro, sempre à frente, reverteu a situação da escola,que por um período, por problema de ordem maior, teve quase suas portas fechada, O Brasil precisa de gente que faz!
Retorno a Semana Literária, que teve a presença dos pais na platéia e outros convidados, todos muito bem recebidos pela escola. Os homenageados foram o jornalista Luiz Antônio Maia, editor do Jornal Três, e a professora e contadora de histórias Sueli Lindalva Vilhena, da cidade de Cambuquira, que tive o privilégio de ter como minha mestra no curso de Letras, e ainda, neste evento, estar ao seu lado, inesperadamente, trocando algumas palavras ao público, foi um momento único de emoção redobrada.
Parabéns a todos profissionais da querida escola Jorge Avellar Neto, incansáveis lutadores, que levam a educação adiante. Parabéns, diretora Lucidalva, por mais este mérito, e sobretudo , por mostrar aos alunos o grande valor da Literatura e suas diversificações.

Parabéns, professores

O Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro. Mas poucos sabem como e quando surgiu este costume no Brasil.No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Tereza D’Ávila), D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Nele, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”.
Porém, somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor.

Começou em São Paulo, no Ginásio Caetano , o Ginásio conhecido como “Caetaninho”. O período letivo do segundo semestre ia de 01 de junho a 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias em todo este período. Alguns poucos professores tiveram a idéia de organizar um dia de parada para se evitar o cansaço, e também de análise de projetos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização.Junto com outros professores, a idéia se espalhou por todo Brasil.

Hoje é nosso dia, embora atualmente eu não esteja lecionando, minha alma é voltada para a Literatura. Literatura. Feito este implantado por grandes mestres que tive. No primário recordo da minha primeira professora “tia Ângela” com sua doçura nos ensinou primeiras regras de noções, através dos famosos “trabalhinhos”. Ah, “dona” Marilene Vilela, que saudades, uma baixinha professora, brava e brincalhona ao mesmo tempo, já não se encontra mais entre nós, cumpriu sua fiel missão. Foram tantos professores, e na minha suave área, recordo da professora Sueli Lindalva, que ensinava Literatura através de sarau, professor Lindinalvo, com seu sotaque pernambucano, falava baixinho, com grande educação, aposentou-se e mesmo assim, se dedicava às Letras, oferecendo curso gratuito para os interessados, professor de alma, que já não pertence mais também a este plano. Grande mestra Geysa Silva, que no primeiro dia causou furor em sala de aula, disfarce puro, uma exímia mestra que consegue extrair o melhor de seus alunos, não me esqueço o dia que tirei um nove ao invés de 10, só porque mudei o pobre Alienista de cidade. Boas recordações.

Temos de convir, que pra ser educador hoje não é nada fácil, ainda mais se tratando de adolescentes, existem casos e casos, existem escolas onde o professor além de ensinar, tem que educar, educar no também no sentido pejorativo da palavra, já que alguns pais não dão sabem dar limites a seus filhos. Infelizmente, uma má transferência de valores. É notório que isto acontece também em escolas particulares, paradigma preconceituoso que antes pertencia somente às escolas públicas e municipais. Tenho orgulho de dizer que só estudei em escolas públicas, e hoje estou aqui e me considero uma cidadã honesta. Outro fator relevante que paralisa esta árdua profissão é o salário, coitado dos professores que param somente na Licenciatura, o negócio é estudar mais e mais, pra não ficar a deriva de um mísero salário. Mas também ser professor tem suas vantagens, ensinar aqueles que realmente querem aprender, saber que você fez a diferença na vida de um aluno, com seu jeito peculiar marcante. Todo aluno, deve no seu recôndito, recordar de um professor. Parabéns a todos estes incansáveis mestres, que sobretudo, tem o amor incluído no seu currículo.

“Meu desejo, educador, educadora, é que seu ofício não seja comemorado apenas uma vez por ano, mas que, você possa reconstruir sua missão diariamente, alimentando a sua alma e a de todos que estão à sua volta.”
Rubem Alves

Dia de Nossa Senhora Aparecida

Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Prá pedir de Romaria e prece
Paz nos desaventos


Tudo começou no Rio Paraíba, no ano de 1.717 , quando os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso lançavam a rede no Rio, incumbidos em busca de peixes para o almoço do Conde de Assumar, governador da província de São Paulo. Tudo estava correndo mal, as redes vazias, até que encontraram uma imagem, e o milagre aconteceu... de lá vieram as primeiras orações e uma capelinha.

Hoje eu não poderia deixar de falar Dela, A padroeira do Brasil. Maria Santíssima, em uma de suas vastas denominações, embora seja uma só.
A cidade de Aparecida do Norte, estado de São Paulo, está repleta de romeiros, pessoas vindas do Brasil inteiro para prestar homenagens à Virgem. Muitos vão cumprir promessas, fatos registrados na sala de milagres. Daqui do meu bairro mesmo saíram três romarias, coisas do interior, mineiro que se preze vai orar pela santa ao menos uma vez ao ano.

Quando criança, ia muito com meus pais. A tradicional queima de fogos ao meio dia, onde eu ficava assustada, com as mãos nos ouvidos, indiferente às explicações de minha mãe, dizendo que eram para agradar à Santinha. O choro era suprido depois, com um passeio pela feirinha, onde comprava picolés enormes, típicos da cidade, meu momento preferido. Isto lógico, após assistir à missa. Reminiscências pueris que tenho infinitas saudades. Acho que por isso que me emociono com a música “Romaria”, entre outras canções envolvendo Maria, ainda mais se cantada na voz do conterrâneo Renato Teixeira, é pura emoção.

Depois de anos, voltei à Basílica, fiquei um tempo sem ir lá, acho que devido à morte de meus pais, afinal, estava religiosamente acostumada a ir com eles. Ano passado voltei à Aparecida, de onde no alto de sua torre, a visão do Rio Paraíba e arredores da cidade são aprazíveis.
Entre os milagres mais famosos Nossa Senhora conheço a história do “Cavaleiro sem fé”. O cavaleiro vindo de Cuiabá, em direção à Minas começou a zombar da fé dos romeiros, e para desrespeitar a fé dos transeuntes entrou com o cavalo na igreja. A pata do cavalo se prendeu na pedra da escadaria da Basílica Velha. O cavaleiro, abrupto pelo golpe, assustado, se converteu na mesma hora. Qualquer um que for à basílica verá a marca da ferradura, que ficou gravada na pedra.

Três Corações, minha cidade. Os fogos de artifícios em saudação à Maria começaram desde manhã, em cada canto, se reunindo ao meio dia como numa oração unívoca aplaudida pelo soar dos sinos, uma manifestação religiosa muito comovente, de beleza ímpar.
Salve Nossa Senhora, Padroeira do Brasil, que seu manto sagrado cubra-nos sempre, e em especial as crianças, pelo seu também dia!

A MULHER DE 30 ANOS


A fisionomia da mulher só começa aos trinta anos.
Honoré de Balzac



Fiz 30 anos em Agosto passado. O romance escrito em 1.831 “A mulher de trinta anos” de Honoré de Balzac designou o termo balzaquiano, se referindo à mulher mais madura. A saga de Julia foi triste , típica de uma mulher da época, insaciada pela falta de emoção devido ao machismo presente.

Minha vida se divide em decênios. O primeiro, a infância que foi maravilhosa. Família grande, caçula temporã, tive os cuidados voltados para mim, dentro do que minha família podia oferecer. Tinha problemas sim, como toda família, mas estes não me atingiam. Depois, um período triste, marcado por perdas imensuráveis, a morte, fatal e impiedosa, atingiu minha família com vontade. Mas a vida continua, é aceitar o inaceitável. Depois vieram os 20 anos, meus sobrinhos nasceram, restituindo totalmente a alegria adormecida na família. Fiz minha faculdade de Letras, retomei minha juventude abruptamente interrompida. Tive o primeiro serviço sério, que me ensinou a ter responsabilidade.

Trinta anos, sou uma pessoa melhor, não digo totalmente madura, tenho resquícios ainda dos vinte e poucos anos, ainda hoje estou aprendendo. Não tive filhos, não é uma coisa que me preocupa hoje, escrevi um livro. Meus amigos me acham um pouco “fechada” a olhos alheios. Sei que visivelmente mantenho uma aparente distância das pessoas de início, antes de criar certa intimidade. Até mesmo me sinto indiferente, estranha a um primeiro contato. Defendo-me com Drummond, o eterno “gauche”, dizendo que sou típica mineira, argumentos fajutos, na realidade é timidez mesmo. Mas a partir do momento que me desarmam, podem se considerar no recôndito do meu coração. Coração, órgão que tenho que cuidar, devido as circunstâncias da idade balzaquiana, tenho tendência a problemas cardíacos, mas sei que amo e sou amada, e isso pra mim é, um aditivo importante.

Ah, meus 30 anos. Se minha vocação literária me incita a ler Honoré de Balzac, nada me impede, porém, de assistir a um desenho com minha pequena sobrinha, gesto simples que me faz um bem danado. Tenho meus preciosos momentos de solidão, até mesmo para me dedicar à escrita. Aviso: não me importunem neste momento de catarse. Risos à parte tenho minhas manias, como as de dobrar minhas roupas todos os dias, além de arrumar meus papéis dentro da gaveta, meus pequenos tesouros. Minhas, meus, uso muito pronomes possessivos. Sou ciumenta, não com objetos, sim com pessoas.

Dizem que não tenho rosto de 30 anos, que bom, será que é verdade? Fico na ilusão que me basta, e quando as rugas me abordarem, espero manter meu espírito jovem; manter o espírito jovem numa mentalidade madura. Busco ser feliz, me alegro desde as pequenas coisas. Corro atrás do que quero, sei quando devo parar.
Um decênio está iniciando para mim, e creio que vai ser muito próspero em todos os aspectos. Os projetos de vida estão saindo da gaveta. Não me sinto atrasada. Conforme Affonso Romano de Sant`anna, essa idade é um ritual de iniciação para a mulher. Concordo.

Uma amiga insiste em dizer que meus textos param no momento em que está ficando bom, deixando um gostinho r de querer mais, bondade dela o “gostinho de querer mais”, mas este conceito dela em relação aos meus textos posso considerar aplicado na minha vida, sempre deixo algo nas entrelinhas.
Ando devagar, como já canta Renato Teixeira, acho que o importante é ter resultados duradouros. Escrevi esta crônica pessoal e quando chegar aos 40 anos pretendo fazer outra de como foi os próximos dez anos, e espero lá, ter cumprido, dignamente mais um ciclo.

Búzios e Tarô





Hoje me aconteceu um fato corriqueiro, mas interessante ao mesmo tempo. Entregaram-me um papelzinho na rua, com os seguintes dizeres:
D. Maria
Búzios e Tarô
Quer teu amor, amando como você o ama? (em letras garrafais).
Embaixo os telefones de contato. Do lado, desenhos de imagens, que creio ser do Candomblé, dois guerreiros que não conheço São Jorge e a inconfundível Iemanjá, com seus braços estendidos sobre o mar.
Não é raro deparar em todo canto com as artes adivinhatórias. Recordo de um fato que aconteceu comigo: um dia fui abordada por uma cigana. Eu estava com meus óculos escuros, objeto inseparável. A vidente disse que se eu desse os óculos para ela, revelaria o nome de uma pessoa muito falsa em minha vida. Delicadamente, me esquivei da insistente cigana. Não sem antes observar os reluzentes dentes de ouro em sua boca, o que é comum entre eles. Os ciganos, cheios de artimanhas para convencer o público a se renderem à arte da quiromancia. Dizem que o povo cigano é o guardião da liberdade. Não sei, só sei que não dei meus óculos.
As artes adivinhatórias. Na época da extinta Babilônia, os magos se orientavam pela Astrologia, ciência hoje ainda seguida pelos hindus, que não fazem suas tarefas sem saber o que os astros reservam, haja tempo para a consulta. Tirésias sabia desde sempre sobre o crime que Édipo cometeria contra o próprio pai, triste fado. Sem falar na mítica Sibila de Cumas, que em seu paraíso oferecia aos ousados visitantes uma recepção com banquetes, música, boa comida e prazeres inenarráveis. Só que a sensual mulher, aos sábados, se transformava num monstro, espantando a todos seus pretendentes. Muitos foram seus feitos adivinhatórios na história lendária, mostrando os caminhos para vários heróis.
Quem leu o conto "A cartomante” de Machado de Assis, um intrigante triângulo amoroso, observou que, até um homem, dito erudito, se sentiu aliviado por uma consulta feita nas cartas: — A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante. -Fato este que acabou num final trágico.
A curiosidade do homem, a ânsia de antever o dia de amanhã o faz procurar a esses recursos, e convenhamos, essa insaciável curiosidade atinge a qualquer classe. Eu pessoalmente não acredito em adivinhações, mas confesso, fiquei instigada na hora em que a cigana me abordou e ofereceu o nome da tal pessoa em troca dos óculos; sabia que não era verdade, mas que me fiquei com um resquício de curiosidade, isso sim. Cito aqui não o ato sobrenatural e sortilégio desses “mágicos’, e sim, o jogo de persuasão para convencer seus clientes, o que realmente é relevante. E sua presença dentro da Literatura gera um vasto campo de estudo, valendo a pena conferir.

O Embaixador das Maravilhas



Eu o vi a primeira vez num anúncio de incentivo as pessoas para praticarem o bem e não desistirem de seus sonhos, não me lembro bem qual era, provavelmente estas mensagens de final de ano. Despertou minha curiosidade, eu era conselheira tutelar na época e ver a realidade das crianças não era e convenhamos, ainda não é fácil. Ele havia adotado 13 crianças. O anúncio parou de passar, mas a imagem daquele homem não.
Dois anos depois. Saiu um filme sobre Roberto Carlos Ramos. Sim, era ele. Um grande herói que conseguiu sobreviver em meio a tantos chamativos que o mundo oferecia nas ruas. Podia ter se tornado mais um menor infrator. Fora internado numa grande Instituição para recuperação de menores. Diziam que dali, as crianças saiam para ser doutores, mera ilusão!Foi deixado no local pela família aos seis anos de idade. Só que ser internado numa grande Instituição não resolve nada, se não for aplicado à afetividade, palavra chave deste homem, que se tornou um grande contador de histórias. Tudo porque soube aproveitar a chance de mudar sua vida, quando conheceu uma pedagoga francesa chamada Margherit Duvas,onde ouvira dela as palavras que soaram em estranhas em seus ouvidos “com licença” e, “por favor”. Que palavras seriam aquelas? O menino adolescente descobriu no decorrer de sua vida. A distinta senhora fez a diferença na vida daquele futuro personagem. Levou Roberto para morar com ela na França.
Um dia o adolescente de 13 anos inunda a casa daquela que lhe dera uma chance. Já predestinava, certamente, que a mulher o poderia aos préstimos da rua, porém, ao contrário, conversa com ele olhos nos olhos, perguntando o porquê fizera aquilo. O garoto, pudico, se rende a doçura daquela mulher maternal. Se emociona, estava acostumado a ser castigado.O ódio pago pelo amor, a ternura mais uma vez vence.
Margherit ficou cinco anos com o adolescente, matriculando-o em um bom colégio, onde aprende fluentemente o francês. Usa sua arma mais ágil para conquistar as pessoas, artifício já usado por Sherazade, evitando a doce heroína de ser morta pelo sultão: o dom da palavra, a oralidade presente desde a Antiguidade. Artimanha que o garoto usava desde os tempos da velha Instituição para conseguir um pedaço de pão a mais e sair de situações vexatórias. Usa a imaginação em suas palavras, é denominado “O Embaixador das Maravilhas” por seus colegas franceses, que viviam o cercando em busca de uma nova aventura.
Volta à antiga Instituição como pedagogo, as coisas não mudaram no local. O negócio é ele fazer a diferença, assim como Margherit a fez em seu tempo. Conquista a confiança dos internos, consegue adotar um, hoje são treze filhos, fora os que abrigou por um determinado tempo.
O contador de histórias, o vi esta semana dando entrevista na T.V. Seu jeito carismático, espontâneo, um sorriso que amolece qualquer coração endurecido. Seu modo de contar, sem abuso de vernáculo...Ele é assim, simples... Podia ser apenas mais um anônimo. Consegue hoje ter uma vida confortável, através do estudo proporcionado, correu atrás do que queria. Um dos melhores contadores de histórias do mundo. Contou com um anjo em seu caminho e arregaçou as mangas...Reflito: Temos como rigor as medida aplicadas ao menores, O Estatuto Da Criança e Adolescente para amparar, porém , o resultado nem sempre é eficaz. O motivo desta realidade? Ainda não colocaram a palavra AFETO, como diz o nobre Roberto. Afeto, a base da relação. A palavra afeto do latim affectur (afetar, tocar) que é capaz de fazer grandes transformações.
Encerro esta crônica, com o conselho do Contador de Histórias, que diz que podemos contar nossa história de dois modos, uma é de um jeito cabisbaixo, lamentável, para que as pessoas sintam piedade, a outra é sabendo ultrapassar as barreiras, sabendo achar graça das dificuldades e enfrentando a vida de peito aberto. São duas opções, saibamos escolher a nossa!

O amor...eterno dilema


A história de amor que mais me encanta é o mito de Eros e Psiquê. Afrodite, enciumada da beleza de Psiquê, uma simples mortal, ordenou a seu filho Eros que a fizesse apaixonar pelo homem mais feio que existisse por aquelas terras. Porém, Eros, ou Cúpido, para os romanos, fala através do oráculo que o pai da moça insiste em consultar, temendo involuntariamente ter desgostado aos deuses. O alado deus se apaixona de imediato pela moça e pede ao seu pai que a leve a uma montanha, onde fatalmente seria desposada por uma terrível criatura. Sem desobedecer ao oráculo, a pobre moça é entregue ao seu destino, Na montanha, possuída por um imenso sono, é transportada pela brisa de Zéfiro a um lindo vale, até chegar a um castelo monumental. À noite, é entregue temente àquele que a desposaria. No entanto, se depara com mãos humanas, e um que detalhe, não poderia ver jamais seu rosto. A moça acaba gostando do indefinível amante, ante seus modos de carinho e delicadeza para com ela. Porém, instigada pela inveja alheia, Psiquê acaba olhando para o rosto do amado, estragando a confiança que havia entre os dois. O desfecho é feito de desafios impostos por Afrodite para que Psiquê reconquiste novamente Eros, e como sempre, o amor vence.
O amor no mundo globalizado. Com a falta de tempo, deixou de ser cortejado. Os casais não têm tempo para o namoro. Sem falar que, com o advento da internet, tudo é tão fácil e descartável; fácil e fútil. Existem sim, os casos onde o relacionamento virtual pode dar certo, onde ambos se comprometem com o namoro apesar de todo voyeurismo oferecido pelas redes de relacionamento.
Outro dia estava conversando com uma amiga, a pauta era sobre relacionamento aberto. Ela, sonhadora como eu, dizia que insistia em contradizer suas amigas de serviço, a maioria a favor desse do ato poligâmico. Me desculpem, mas isso não entra em minha pobre cabeça de mineira.
Já dizia o heterônimo Álvaro de Campos, que afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas. A carta, um papel objeto, elo com a pessoa amada; a letra enamorada a bailar no papel, escondida no quarto. A presença na corriqueira bolsa. Raros escrevem missivas de amor, um ritual sagrado em combate às efêmeras elucidações. Nos filmes antigos, ah, e “O Vento Levou” não é a toa que Scarlat O`Hara fez as mocinhas chorarem ,observamos como se iniciava um namoro, o olhar o primeiro toque, o medo, além dos eternos amores platônicos.
O amor, este sentimento nobre. O que eu disse, todos já sabem. Uma critica? Não. Como todas as regras, existem exceções. Apenas uma defesa ao amor romântico. Psiquê em busca de Eros, sempre.


ESPERANÇA



Tenho minha caixa de Pandora, embora as vezes eu não saiba onde a guardei...

Estou relendo Murilo Rubião. Não é raro ouvir nos dias corridos de hoje interjeições reclamativas. Acho que virou clichê esta ânsia de reclamar perante as frustrações do cotidiano. Sentimo-nos insatisfeito com tudo. E ai da pessoa que não se encaixa neste perfil, é considerada louca. O que, felizmente, acho que é meu caso. Confesso que já tive dias perpétuos onde só sabia reclamar da fila do banco, da família, do serviço, dos amigos, da fértil chuva que caía, fato este que estava se tornando crônico. Já diz o psicanalista Rubem Alves que somos os únicos seres que não estamos contentes com o que somos. Por isso, estamos infelizes e doentes.
Pensei: eu não sou assim, onde foram parar minhas convicções, meu Tempo de Delicadeza
[1] que sempre recomendava aos nervosos de plantão? Não digo que pretendo virar uma mártir, mas na medida do possível estou vivendo o epifânico Carpe Diem dos latinos, que posteriormente os árcades adotaram (embora saibamos que na íntegra havia todo um contexto político, mas isso deixo para os amantes da Literatura), e intrinsecamente, estou obtendo bons resultados com este meu comportamento.


Mas comecei a escrever esta crônica, falando que estou relendo Murilo Rubião, um grande escritor mineiro, que se destacou na literatura fantástica brasileira, um exímio contista, que apesar de pequena sua obra, é de insubstituível valor. Sou apaixonada pelo conto “O ex-mágico da Taberna Minhota”, onde, um dia um homem se depara com cabelos grisalhos no espelho da Taverna Minhota o foco da narrativa. Que perfeição na escrita, embora eu queira discutir aqui não a forma estilística, sendo digna de várias teses. E sim, quero falar da grande lição de vida que é o citado conto.


Observem bem o início do conto “Hoje sou funcionário público e isto não é o meu desconsolo maior”. Quer dizer, são vários os seus desconsolos; o pobre funcionário público confessa que foi atirado à vida sem pais, infância ou juventude. Nascera cansado e entediado. Tédio, palavra ingrata esta. O fato é que o tal mágico é frustrado, não se satisfaz com nada. Tudo bem, foi atirado na vida; devia, porém, fazer dessa condição crucial uma motivação para superar e vencer na vida, afinal, possui habilidades extras. Consegue tirar coisas de seu bolso, sair pássaro de seu ouvido, aparecer objetos num simples sacolejar de mãos, numa perfeita estranha sintonia homem-objeto. Apesar de estranho, é um dom que deveria aprender a usar, e ao contrário, vive estagnado..Perante à tanta frustração na vida, tenta em vão se matar. Até que soube em meio ao acaso, que ser funcionário público, era suicidar-se aos poucos. Resolve exercer esse ofício, quem sabe a morte, certeira, não tardaria ao seu encontro. É fado. Seus poderes como mágico some em meio ao descaso da burocrática papelada e colegas taciturnos, sente saudades da época que, indiferente, conseguia arrancar risos das criancinhas. Vive procurando por seus poderes, mas sabe que o mágico nunca mais retornará.


Quantos de nós não nos sentimos frustrados ante um pequeno acontecimento, não é a toa que a depressão foi e é considerado o grande mal da sociedade moderna. Quantos de nós não nos sentimos aborrecidos ante um pequeno acontecimento, reclamando sempre do sol da vida. Busquemos as coisas simples da vida, há tempos os grande sábios tentam nos passar esta máxima.Sintamos felicidade com nossa família, com um livro, com a suave música da natureza. Lembremo-nos dos doentes de hospitais, que não podem tirar pequenas “tralhas” de seus bolsos. Reconheçamos nossas mágicas diárias.




[1] Tempos de Delicadeza-livro de crônicas de Affonso Romano de Sant`anna, recheado de ternura, onde o autor delicadamente trata de assuntos corriqueiros da vida com o olhar demorado e singular da poesia


Não sabia que título dar ao meu livro, fato este que vinha me perseguindo alineatoriamente. Mas uma hora surgiria o milagre na minha miserável cabeça de aspirante à escritora. Pois um dia aconteceu, enfim, a dádiva do nome do meu sucinto livro.
Voltava do centro de Três Corações, “vinha da cidade”, como dizem os mineiros que não moram no centro e sim em bairros arredores. Caminhava com meus pensamentos, em passos exíguos.Ensimesmada, me consumia pensamentos fugazes, que a classe dos bípedes humanos costumam ter.Frases em monólogo comigo: o que falar na reunião amanhã,(como boa virginiana que se preze, tenho a angustiante ansiedade desnecessária). Contas a pagar e outros detalhes peculiares n a maioria das pessoas que se dizem dignas e honram seus compromissos. Que piegas!
Perto de casa, então, ouvi o ensaio das pastorinhas, que andam de porta em porta, para saudar o menino Jesus, durante os dias 24 de Dezembro a 06 de Janeiro:
Pastorinha do Deserto,
venha cá saudar Maria,
que encheu o céu de glória
e os corações de alegria...
Alevanta pastorinhas
Vamos todas alevantar
Pra saudar menino Deus
Deitadinho no altar...
Adeuzinho até a volta
Até o ano que vem...
A melodia, a letra simples e sacra, saída dos lábios angelicais, me trazendo paz. Pronto!Eis a revelação, meu momento de epifania, lembro-me do que diz Affonso Romano de Sant`anna, em seu texto: Uma simples epifania, onde acontece o “explicável inexplicável”. Uma resposta para o título do meu livro, do nada! Ei-la: Riquezas do Interior. O que vou explicar aqui: Em frações de segundos, penso: as pessoas não teem tempo pra prestar atenção nas coisas simples e puras. O canto das Pastorinhas, manifestação religiosa que não existe nas grandes capitais. Docemente me vem ainda lembrança da Folia de Reis, o terço dançado de São Gonçalo, onde segundo o costume, não pode rir dos cantadores nem da reza, senão o altar pega fogo, a Folia do Divino Espírito Santo, o batuque mágico do Congado, que ouvi a primeira vez em São Gonçalo do Sapucaí, em noites geladas do mês de Maio... O canto das pastorinhas, terno e eterno.
Pois bem, nesse transe, faço na minha incansável mente um paralelo; riquezas do interior, o que na verdade trata de situações cotidianas que acontecem geralmente em cidades do interior, e traço uma linha com os sentimentos, que, de alguma forma mexem com meu interior, valores essenciais, como a amizade, a doçura das crianças, e com confiança, valores que mexem subjetivamente com aqueles que estão me lendo. Uma ambigüidade poética! Riquezas do interior. Sinto-me plena por ser sensível ao ponto de me comover com o canto das Pastorinhas, me recolho, sou imodestamente rica, valorizo as coisas simples da vida. Amo Deus, as pessoas, os pássaros. Amo a cultura e costumes interioranos. E, é sobre isto que trato em meu livro, da maneira simples como sou e da simplicidade do povo mineiro.
A riqueza da “Bola de meia, bola de gude”, a riqueza da “pedra no caminho”, do Velho Chico, da Maria Fumaça, do menino Fernando Sabino, da cultura homérica das cidadezinhas e um brinde a minha bela Gerais, do povo do Mar de Minas. Obrigada Deus, pelas riquezas que dinheiro nenhum paga.

Retirado do livro: Riquezas do Interior.

Gostaria de inaugurar este blog falando de minha amada cidade Três Corações, que hoje completa 125 anos. O nome é uma homenagem a Sagrada Família ,bom, são os relatos religiosos da história, sendo a primeira notícia que se tem de Três Corações, que datam de 1.760, quando o alferes Tomé Martins , um grande fazendeiro à margem do rio, fez uma capela em homenagem a Jesus, Maria e José. Ahhh, as três curvas do Rio Verde, daí também o nome, segundo os sonhadores....Consta também a lendária história dos boiadeiros goianos, que deixaram três morenas a chorar,Jacira, Jussara e Moema, versão esta acrescentada no hino da cidade pelo tricordiano Darcy Brasil, exímio escritor que deixou seu nome em nossa Biblioteca Municipal.

Três Corações teve outros filhos ilustres, como o também escritor Godofredo Rangel, que em seu livro “Vidas Ociosas” tece uma narrativa impar onde a amizade e vaidade se confrontam num final surpreendente. O livro foi editado pela antiga Companhia Editora Nacional, na Coleção “Os grandes Livros Brasileiros”, um orgulho para nós. Mas, deixando de puxar sarda pela área cultural, que amo, temos no esporte o grande nome mundial: Rei Pelé.

Remeto-me agora aos tempos áureos da Rede Mineira de Viação; a estação de trem, de onde, infelizmente, só me restam histórias e saudades de um tempo nunca vivido, mas sentido por mim. Nossa antiga Estação Ferroviária foi inaugurada pelo imperador D. Pedro II, em 1.884, quantas histórias!Histórias que podem ser revividas no acervo de nossa acolhedora e bem estruturada Casa da Cultura Godofredo Rangel, uma justa homenagem.

Cito a famosa Feira de Gado, que trazia fazendeiros do Brasil inteiro. A ponte que outrora os conduzia, hoje chora por seus fantasmas. Existe cidade em que o portão do cemitério é considerado ponto turístico? Três Corações é assim...coisas do interior.

A cidade hoje...A pecuária ainda é uma grande fonte de renda , embora extinta a saudosa Feira de Gado. Outra economia forte é o café, vale conferir com nosso gordo leite. O Distrito Industrial gera grande parte dos empregos, o comércio é ativo. Somos cercados por pelas serras, temos a praça central, onde tudo acontece. As pessoas continuam com seus “causos”. A matriz Sagrada Família está ali, nos abençoando. Uma típica e crescente cidade recanto mineiro.

É assim um pouquinho de minha terra, tanto a se falar, mas findo por aqui, com enorme emoção pelos seus 125 anos.
ass. Elenise Evaristo

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PRIMEIRO LIVRO DE CRÔNICAS, INTITULADO “RIQUEZAS DO INTERIOR” DA ESCRITORA ELENISE EVARISTO. Este projeto visa divulgar novos nomes e publicações relacionados a Cultura da Cidade de Três Corações, através do lançamento do livro de crônicas “Riquezas do Interior”, da iniciante escritora Elenise Evaristo, contemporânea, mineira, dotada de sensibilidade e cultura e que com estes adjetivos, retrata na sua primeira publicação, embora já tenha sido apresentada ao mundo literário, através da publicação de um artigo, em livro lançado em 2008, intitulado: Quem conta um Conto de Fadas... Uma introdução aos contos de fadas dos Org. Geysa Silva e Luiz Fernando Matos Rocha. INTRODUÇÃO O Estado de Minas famoso por reunir marcas de um passado de riquezas Patrimoniais e Arquitetônicas, trazidas pelo Barroco e Rococó produzidos no século 18, e que garantiu que parte das cidades históricas adquirissem títulos de patrimônio da humanidade por parte dos órgãos responsáveis, possui ainda mais requinte quando se trata do legado da Cultura popular deixada pelos povos mais antigos. A cultura mineira tradicional fértil e diversificada, atravessa tempos e mostra para o Brasil a importância de se abrasileirar ainda mais as nossas tradições !

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Eu,por mim mesma: Virginiana, Terra, Melancólica. Tímida, Dedicada, Ciumenta, Muito Amor: Deus, família, alguém que sabe quem, amigos, Minas Gerais,e Literatura. Impulsiva, Sensível, Aspirante à escritora. Prazer: pôr-do-sol, cheiro de café coado de preferencia no coador de pano, cheiro de terra molhada, cheiro de curral, brincar com meus sobrinhos, comer bolinhos de chuva, ouvir música, assistir filmes, amo momentos simples e extasiantes Amo cozinhar. Adoro Conversar com pessoas e me encontrar nos meus momentos de solidão.

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