Hoje estou meio assim, digo meio assim, quando há no meu recôndito mistura de sentimentos, que nem eu sei explicar direito. Ontem sem querer, desconfigurei uma coisa importante pra mim, no meu computador, como sou melodramática por natureza, isto me consumiu muito. Dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, também meus pais neste dia fariam anos de casamento, se estivessem vivos. Minha mãe sempre falava que no dia em que se casara chovia, e que chover no casamento dava felicidade, bom, pelo menos, ela foi muito feliz com meu pai. E a chuva que cai agora me faz lembrar disso. Já estou fugindo do problema do computador, eu sei, mas acho que a melancolia tomou conta de mim. É um daqueles dias onde tudo que se quer é um colo.
Como tinha de entregar um livro na Biblioteca amanhã, resolvi ir hoje mesmo. A tênue chuva que insiste até agora em cair não me impediu de sair.com a sombrinha nas mãos, lá fui eu.Caminhar nestes instantes faz bem.





Passando pela praça Central, em frente ao coreto, deparei com uma amiga que fez o Curso de Letras comigo,ela, já casada, começa a falar de sua vida conjugal, de seu filhinho, uma verdadeira comédia, que me faz distrair.Nós duas em baixa de nossas digníssimas sobrinhas, em frente ao coreto,o pessoal passando, e nós ali, entretidas.
Sigo, entrego meu livro, que não terminei de ler, ainda tenho alguns em casa, que trouxe de Salvador, mas ir na Biblioteca pegar livro pra mim é um verdadeiro ritual.Depois passo pela Matriz Sagrada Família, entro, colocaram ali na frente do altar principal a imagem da nossa senhora, a Conceição, ela com suas mãos maternais abertas, sinto ternura em seus olhos.


Passo pelo mercado, pra levar o sagrado pão da tarde, que, junto com a manteiguinha, não tem nada melhor. A fila está enorme, pessoas reclamam. Quanto a mim, observo. Noto que uma caixa gordinha, com grandes olhos verdes, e pincelados com sombra, vai atendendo a todos da minha fila com um boa tarde radiante, e um sorriso verdadeiro. Enquanto todos reclamam na torturante fila, ela exerce seu ofício com alegria;impossível não sair dali, se sentindo melhor com seu doce atendimento.
Chego em casa, Sofia, minha sobrinha, esta com uma amiguinha, ofereço a ela um Nescau quentinho , esta um dia meio frio. Fico ali, com as duas sentadas em volta da mesa, contando suas vidas pueris, e sem querer, a menina derruba o chocolate na mesa. Chora, eu digo que não há problema, isto pode acontecer. A pobrezinha se recompõe (será que seus pais a reprimem por um ato tão normal? Fiquei pensando...).Isto pode acontecer!


Finalzinho de tarde, já quase noite, ainda estou meio ainda chateada, mas não como antes. Como cenas podem mudar o dia da gente, coisas singelas. Gosto muito do cronista Rubem Alves, que vê prazer nas pequenas coisas. E outros já dizem, a felicidade começa de fora para dentro. É um clichê, eu sei. Mas simples comportamentos e contemplação dos acontecimentos mudaram meu dia, me fazendo escrever mais uma crônica. E se escrevi, é sinal de que acendeu em mim uma flama de felicidade.