O rio Verde finalmente está voltando ao seu leito, depois de muita apreensão causada na população. Retorna, lentamente, assim como lentamente veio subindo; subiu por cinco dias, depois, no último dia, ficou catártico, expurgando sobre seus feitos.Depois desceu, talvez volte o ano que vem, ou nos próximos anos, talvez não; dependerá de como serão seus desígnios. Desejo que ele fique ali, quietinho, a atravessar majestoso a cidade de Três Corações. Foi e ainda é um rio bonito, suas águas em tom esverdeado já fez alegria dos meus tempos pueris. Lembro-me da famosa prainha, espaço de areia branca e maciça, onde as pessoas nadavam ,as crianças brincavam, andavam de canoa...Depois veio o esgoto,a prainha foi se dissolvendo e, sumiu, para tristeza de todos nós. Providências foram tomadas em relação às redes de esgotos, mas já era tarde, o rio chorou por perder um pedaço seu, sentido-se triste pelos momentos felizes outrora sobre seu leito, na lindas tardes de verão.




Hoje, o rio continua ali, pescadores ainda usufruem de seus abundantes peixes, mas ficou uma parte da história ali, parte reminiscente, numa travessia do bucólico para o presente, numa rápida metafísica, num piscar de olhos. Assim como se foram as brincadeiras de antanho: o jogo de petecas, o pular dos pneus, o vôlei provinciano, tudo se esvairiu.Entro aqui com um parênteses, tive minha infância na década de 80, foi um período transitório, na minha concepção para os anos 90, onde houve uma grande revolução em termos da atual modernidade.


O rio Verde, momentos interiores, pedaços que se fragmentaram com o tempo. Se hoje não existe mais nossa famosa prainha, sinto minha alma ainda interiorana, incorruptível. Momentos indeléveis em meu coração, onde me refugio quando me sinto perdida neste Admirável Mundo Novo.
Volte para o seu leito, suas grandes e belíssimas pedras ainda serve de apoio para lhe comtemplar debaixo da ponte de ferro; ainda tem seus cantinhos reservados aos pescadores.Continua seguindo sua trajetória.