João do Rio

                                  Crônica.  Palavra de origem grega(Kronos-tempo), derivando ao latim chronica.Significa relato objetivo de acontecimentos dentro de uma trajetória no tempo.Croniqueiro e cronista era a pessoa que escrevia crônicas. No século XIX, as crônicas podiam ser chamadas de folhetins, colocadas na maioria em rodapés dos jornais. Depois foi reconhecido o termo crônica, tratando o folhetim somente  para designar a parte onde as crônicas e outras formas literárias eram escritas.A crônica, voltada à imprensa,  surgiu pela primeira  vez no ano de 1.799, no Journal de Débats,publicado em Paris, comentando de forma crítica os acontecimentos importantes da semana. Tinha total aspecto histórico, trazendo informações importantes ao leitor.
No Brasil eu poderia começar pela carta de Pero Vaz de Caminha, onde estudiosos dizem se tratar na integra da primeira crônica brasileira, devido ao seu perfeito relato do contato com nosso irmão índio....Mas ai entra outra questão ainda muito discutida pelos críticos - se o  que escreviam os europeus pode ser considerado nossa Literatura Brasileira -, mas isso é bom para discutir numa aula de Teoria da Literatura, não aqui. Apenas uma breve introdução.
Confesso que outrora era fissurada por contos, tomava doses de Lygia Fagundes Telles, Dalton Trevisan, os contos fantásticos de Murilo Rubião... Lia e escrevia contos. Aliás, gosto ainda de escrevê-los tenho alguns e pretendo futuramente publicar.Comecei a gostar de crônica profundamente no final do Ensino Fundamental, e depois ela se apossou de mim, de tal forma que não pude escapar.
Hoje, não existe gênero mais brasileiro que a crônica, seja ela esportiva, lírica, humorística ou em  outras facetas... Machado de Assis, José de Alencar, João do Rio,retrataram  tão bem nossa sociedade através do gostinho da crônica...Rubem Braga, o sabiá das crônicas, o lirismo de Fernando Sabino, o humor crítico de Stanislaw Ponte Preta, a metáfora de Rubem Alves, a tão bem observada alma humana nos textos de Carlos Herculano Lopes, enfim, são  tantos para citar, e cada um com sua peculiaridade dentro da crônica, merecendo  páginas inteiras na  exploração de suas obras.
Carlos Herculano Lopes
Só para se ter uma exemplificação da transformação de um fato do cotidiano, a notícia de um jornal pelo refinar da crônica( a evidência do lirismo  através do gênero), pego aqui um trecho de Jorge de Sá, no livro : A crônica ( que indico para os apaixonados pelo assunto),onde cita uma  notícia nua e crua e depois  através dos dizeres  do cronista Stanislaw Ponte Preta. Primeiro, na visão de um  jornalista: “ João José Gualberto, vulgo ‘Sorriso’, foi preso na madrugada de ontem , no Beco da Felicidade, por ter assaltado a Casa Garson, de onde roubara um lote de discos”Agora na visão do adorável e irresistível cronista Sérgio Porto na pele de Stanislaw Ponte Preta: “ O Sorriso roubou a música e acabou preso no Beco da Felicidade”.
Entenderam?Bom, realmente acho que não preciso dizer mais nada, eis a função da crônica!

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