O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre...
Olavo Bilac
Revendo fotos de quando estive em Ouro Preto,-abro uma observação- noto ando revendo muita coisa ultimamente, um estado da alma, um estado de nostalgia que me pega em momentos da vida, o fato é que estou neste estado saudoso de não sei o que...momentos que se apoderam de mim, e me rendem crônicas saudosistas , amanhã melhoro talvez ou não, mas me gosto assim, sinto-me inspirada.Fotos fazem parte da vida, rever fotos talvez seja uma necessidade, reavivar momentos e sonhos. Então, recomeço, revendo fotos de Ouro Preto...Cidade encravada nas montanhas,lá está a cidade, uma emoção toma conta, emoção indizível vendo aqueles lindos casarios.Ouro Preto exala história por suas ruas meio declinadas, lampiões que relembram a época dos Inconfidentes. Como disse é indizível descrever Ouro Preto, tem de estar lá para sentir, palavras seriam intraduzíveis pela emoção palpitante que corta as veias coronárias. Se não uso elementos anafóricos para retomar o vocábulo Ouro Preto, é porque Ouro Preto é a cidade, assim como Drummond é o poeta, comparação idiossincrática na esperança de que entendam meus sentimentos .
Faço esta pequena introdução, na verdade quero falar sobre as casas de Ouro Preto, em outra crônica falo mais sobre a sublimada cidade cravada entre os verdes montanhosos. Ouro Preto, nome dado devido ao ouro coberto com uma camada de óxido de ferro, antiga Vila Rica.Revi aqui as fotos e me deparei com o Museu das Casas dos Contos, a vista de lá como de outros pontos estratégicos da cidade mostra os telhados que cobrem as casas, cenários dignos de um quadro.Os telhados ordenados numa sequencia de cor hipnotizam os olhos, ultrapassando os olhos físicos em olhos metafísicos dignos da escrita de Fernando Pessoa.
Conforme se vai andando na cidade, subindo pelas igrejas, os telhados turvam aos seus pés, ou melhor, aos seus olhos, como a incitar a conhecer nossa história, histórias que aconteceram naqueles casarões. Casas que abrigaram senzalas, os risos e as mazela de nosso sangue, o ouro de Minas.Casas que acolheram e excretaram Inconfidentes,casarões que cobriram e descobriram ensejos políticos.Casas de felizes senhoras , de alegria e choro. Casas que presenciaram o suposto suicídio de Cláudio Manuel da Costa, igrejas que celebraram missa pelo próprio, numa época que era sacrilégio oferecer missa a um suicida. Detalhes peculiares e obscuros de nossa história. Casas palco hoje de uma Universidade consagrada, pousadas, barzinhos que abrigam estudantes, estudantes que entrem uma cerveja e uma rodada de torresmo discutem nossa história. Um passado que vive entre os casarios de Ouro Preto, pilar de nossa cultura.
4 comentários:
Pronto. Perfeito. Escreve melhor a cada dia. E consegue, de fato, nos transportar pra Ouro Preto, que não vejo, olho no olho, há décadas. Sabe, amiga, esse seu estado d´alma, um estado de nostalgia que te pega em momentos da vida, está em mim também. Mas no meu caso, o fato é que meu estado saudoso tem lá muito sua razão de ser. E você sabe. Não rende crônicas, rende-me apenas uma saudade imensa, rende-me ainda nostalgia, alguma mágoa, um pouco de raiva, melancolia,um desconforto d´alma imensurável e, confesso, muito ciúme de quem pode, a esse momento, estar ocupando o meu lugar.
Mas, mas voltemos a Ouro Preto, muito bela a crônica, a cara daquela cidade mágica. Vamos, um dia, voltar, juntos, e matar saudades. Pelo menos Ouro Preto nos trai, não nos abandona.
Mil beijos.
João
Justamente hoje vi aquele postal que me mandou desta sua viagem a Ouro Preto. Linda cronica. Parabéns!
Que beleza esta cronica querida Nise!! Você nos transporta à alma da belíssima cidade histórica.Ouro puro na singeleza de tua narrativa e observaçôes.
João,esse sentimento de nostalgia acho que faz parte de toda pessoa sensível, felizes somos nós...
Ana, obrigada pelo incentivo...
Soninha, Ouro Preto e Minas estão também dentro de você...
Beijos!!!
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