AS RIQUEZAS DO INTERIOR

Riquezas do Interior, o livro de estréia da escritora mineira Elenise Evaristo, abre caminhos no cenário literário brasileiro com a telúrica brejeirice de Minas Gerais. É em horinhas de descuido, como diria o também mineiro Guimarães Rosa, que Elenise capta momentos do cotidiano das cidades do interior e, com uma linguagem leve e acessível, convida o leitor a conhecer as riquezas de suas lembranças e de sua terra. Amalgamado ao seu estilo, Elenise utiliza seu repertório de leitora que vai de Drummond a Proust, passando por Machado de Assis e Rachel de Queiroz, para dar forma a sua escrita. Nas 27 crônicas que compõem o livro, a escritora traz à tona a imagem dos contadores de “causos”, a alegria das festas tradicionais, a inata religiosidade do povo de Minas, a singularidade da cultura popular das Gerais e reverencia personalidades marcantes e importantes por sua “mineirice”, como Fernando Sabino e Juscelino Kubitschek. Sob o olhar sensível e aguçado da autora, são resgatados valores humanos que, ao contrário do que se pensa, não ficaram perdidos no tempo, mas adormecidos no íntimo de cada um. Riquezas do Interior é um convite para que esses valores sejam despertados e para que possam ser postos em prática o quanto antes. Um mergulho no interior de cada indivíduo. Uma percepção das riquezas do ser humano. É o que Elenise Evaristo desafia seu leitor a fazer. * Texto escrito por Ana Carla Nunes e Beatriz Badim de Campos

Meu angu

O angu no início do Brasil colônia era preparado com miúdos de carne. Podia ser feito com farinha de milho (fubá) ou farinha de mandioca, com esta última farinha recebeu o nome depois de pirão. Mas quero falar aqui do meu angu, o angu preparado pela minha avó, pela minha mãe, e por outros tantos no recanto sul das Gerais. O angu preparado somente com o fubá e a água, e, se quiser algumas gotinhas de óleo. Mas afinal, que gosto tem meu angu?Este alimento insosso, com seu jeito simples de preparar?


Será o modo de fazer que esta iguaria que o torna tão gostoso?Será o ponto de mexer o angu, que o faz um prato tão tacanho e tão importante ao mesmo tempo para acompanhar aquele torresmo bem sequinho? Só que seu modo simples exige toda uma preparação, a quentura da água, o mexer com a colher de pau, as especiais gotinhas de óleo. E detalhe, fica ainda mais gostoso se feito em panela de barro ou de ferro. Alguns preferem o angu mais consistente, que é o meu caso; outros, mais molinho, para acompanhar aquele feijão bem temperadinho. Se derreter ao gostinho de tomar um leite gelado na panela onde foi feito o angu, com resquícios daquela casquinha crocante, ah, velha infância.
Angu com costelinha e couve rasgada, pratos de Mariana, Ouro Preto; turistas adoram provar, além de repetir a dose, aproveitando ainda para conhecer as riquezas culturais das Gerais. A tessitura da abóbora com a perfumada carne seca, acompanhada da massa amarela, sem esquecer é claro, daquela saborosa pimentinha. Sem falar dos pasteizinhos de angu, na tradicional festa do Congado, na cidade de São Gonçalo do Sapucaí, servido nas noites outonais de Maio. Ouvindo os batuques dos tambores, e comendo famosos pasteizinhos, é “bão” demais.
O fubá, para se fazer o angu, vindo diretamente da roça, do moinho, é mais grossinho, mais puro, menos refinado, diferente do fubá do mercado, mas, ambos originam a suavidade do alimento. Na tradição italiana surge a polenta, muito utilizada pelos paulistas, que acrescentaram outros ingredientes, como margarina, molhos, queijo, mas sinto muito, ainda prefiro meu pobre anguzinho.
Mas pergunto novamente: que gosto tem o angu? Uma singela papa, mas feito com muito amor... Acho que posso traduzir assim seu paladar: gostinho de aconchego, de cheirinho da fumaça do fogão de lenha, de moda de viola enraizada, da leitura de Guimarães Rosa... Àqueles que não comeram nosso angu, não sabem o que estão perdendo.

Na época da Estação

A estação de Três Corações foi aberta em 1.884, pela E.F. Minas e Rio. Depois, sofreu outras incorporações no nome. A estação funcionou para passageiros até 1.982. Foram anos gloriosos, época de “fartura” como dizem os antigos, período de grandes serviços fornecidos nesta área.
Meu pai era telegrafista da Rede Mineira de Viação . Recordo ternuramente das vezes em que eu podia brincar no pátio do escritório da Rede, hoje transformado em um posto de Saúde. Meu pai se aposentou também em 1.982, aproximadamente quando terminou o trem para passageiros tempos idos aqueles. Sempre me levava para ver a Maria Fumaça, que acho linda e triste, parada em frente à Rodoviária. Gosto muito de olhar os trens, ainda existem por aqui os de cargas.
A primeira vez que andei em um trem foi de Lavras até Minduri,era criança, orgulho homérico este, que comuniquei a todas minhas amigas.Não existe mais este passeio, acabou se também com o passar dos anos.Aqui em Minas, sei que ainda funcionam alguns roteiros de trens turísticos, e os melhores, na minha opinião, são os roteiros de São João del Rei (onde há o lindo museu ferroviário naquela estação), até Tiradentes, e de Ouro Preto à Mariana, onde a Maria Fumaça solta dois apitos agudos e soa os sinos avisando a saída dos turistas, e puxa, espero que permaneçam por muito tempo.

Equipamento dos telegrafistas-Casa da Cultura Godofredo Rangel de Três Corações


Voltando a velha estação, sei que atualmente, a FCA usa a estação para estacionar vagões, e outros parados no local, apodrecendo,são pichados pelos vândalos e usados de dormitórios pelos andarilhos. Fatos que cortam meu coração.
A estação está morta, mas ainda assim há uma morbidez poética no local. Imagino a beleza que foi o local, como num filme, imagino os passageiros transitando por ali, hoje, fantasmas solitários.
Antigos Sinalizadores de trem-Casa da Cultura Godofredo Rangel-Três Corações

O movimento do trem de carga de trigo ainda é quase diário, pelo menos ainda tenho o prazer de ouvir o apito do trem, que soa nostalgicamente.
No meu bairro, a máquina parada em frente ao campo do Buracão, que mais parece um triângulo. Contemplo a máquina parada em meio aos ipês, que rodeiam a linha, próximos a velha Caixa d`agua, enquanto o maquinista energeticamente muda a chave da linha do trem. Lá no fundo, a velha ponte de Ferro sob o Rio Verde, atrás, o pátio que já foi fenômeno de prosperidade. A decadência de uma história.

a arte da crônica



A crônica é um texto narrativo.A palavra crônica foi lida pela primeira vez no Journal de Débats, de Paris, em 1.799. O termo vem do latim Chronica , o relato de acontecimentos em ordem cronológica, um pequeno registro de acontecimentos. Cronos, o deus do tempo. Ela pode ser atemporal. Historicamente no século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, passou a ser frequente o uso da crônica. O texto crônica citava, de modo crítico, fatos ocorridos durante a semana. Era nesta época, publicada no rodapé dos jornais. Começou a aparecer no Brasil na segunda metade do século XIX.

No Brasil, principalmente a partir do Pós-Modernismo, a crônica passou a ter um sentido mais leve e lírico. Passou por grandes autores como José de Alencar, Machado de Assis, com seus textos escorreitos, Rachel de Queiróz , salientando os problemas sociais do Nordeste. Chego ao mineiro Drummond, o “gauche”, com destaque também na poesia ao velho Braga, onde Affonso Romano de Sant`Anna (outro majestoso cronista e particularmente, ensaista) homenageia sua arte de escrever, que aqui transcrevo uma parte “ Ele não chegou a ter uma das mais belas prosa da língua portugues através de um trabalho suado como o de Machado. Estou convencido de que ele escrevia como falava . Ou seja, expressava só o fundamental. Nesse sentido , escrever não era exatamente esse trabalho de desbastar florestas de palavras, mas a arte de colher os gravetos essenciais para o fogo.” Adeus ao passarinho das crônicas, que com seu jeito quieto, tinha um refinado lado irônico, fazendo a alegria dos amigos. Não deixo de falar também sobre o terno menino Sabino e a crônica jornalística de Zuenir Ventura.



Ah, como é doce escrever uma crônica. As idéias surgem numa cena contemplativa, ou mesmo, num arisco pensamento. Ao pensar nesta aqui mesmo, que escrevo, estava eu na roça de uma tia, quando a idéia inicial surgiu do vago, é algo, assim, metafísico, inexplicável, e no mesmo instante, peguei um papelzinho, escrevi a palavra crônica, uma palavra,e estou terminando agora. Uma palavra vai chamando a outra, é mágico. O segredo é anotar a primeira palavra para não esquecer depois um tema que daria uma boa história. Filas de banco é um ótimo lugar pra imaginar uma crônica, fico ali, pensando e dali já arrumo um assunto. Outro lugar, que os céus me perdoem, é na missa; confesso que sou cristã, mas as vezes divago na homilia, arrumo tantos temas, que quando saio do transe, é que sei que estou na igreja e rodeada de gente. Quando estou na estrada também, a imaginação se apossa do meu eu. Lugares e momentos não faltam para acontecer a epifânia da crônica.

Ah, a crônica, além de ser um gênero dentro que tem seu espaço dentro da Literatura, é um texto curto que atrai cada vez mais adeptos, sua força neste momento vem da própria correria da vida. As pessoas apressadas , e a crônica, na maioria das vezes, curtinha, naquele jornal no começo do dia, fica fácil alegrar o dia ao sabor de curta crônica.Sem falar dos livros, com narrativas líricas sobre uma observação.Uma notícia trágica é contada diferentemente pelos cronistas. O cotidiano enfeitado com poesia.

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LANÇAMENTO DO LIVRO

PRIMEIRO LIVRO DE CRÔNICAS, INTITULADO “RIQUEZAS DO INTERIOR” DA ESCRITORA ELENISE EVARISTO. Este projeto visa divulgar novos nomes e publicações relacionados a Cultura da Cidade de Três Corações, através do lançamento do livro de crônicas “Riquezas do Interior”, da iniciante escritora Elenise Evaristo, contemporânea, mineira, dotada de sensibilidade e cultura e que com estes adjetivos, retrata na sua primeira publicação, embora já tenha sido apresentada ao mundo literário, através da publicação de um artigo, em livro lançado em 2008, intitulado: Quem conta um Conto de Fadas... Uma introdução aos contos de fadas dos Org. Geysa Silva e Luiz Fernando Matos Rocha. INTRODUÇÃO O Estado de Minas famoso por reunir marcas de um passado de riquezas Patrimoniais e Arquitetônicas, trazidas pelo Barroco e Rococó produzidos no século 18, e que garantiu que parte das cidades históricas adquirissem títulos de patrimônio da humanidade por parte dos órgãos responsáveis, possui ainda mais requinte quando se trata do legado da Cultura popular deixada pelos povos mais antigos. A cultura mineira tradicional fértil e diversificada, atravessa tempos e mostra para o Brasil a importância de se abrasileirar ainda mais as nossas tradições !

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Eu,por mim mesma: Virginiana, Terra, Melancólica. Tímida, Dedicada, Ciumenta, Muito Amor: Deus, família, alguém que sabe quem, amigos, Minas Gerais,e Literatura. Impulsiva, Sensível, Aspirante à escritora. Prazer: pôr-do-sol, cheiro de café coado de preferencia no coador de pano, cheiro de terra molhada, cheiro de curral, brincar com meus sobrinhos, comer bolinhos de chuva, ouvir música, assistir filmes, amo momentos simples e extasiantes Amo cozinhar. Adoro Conversar com pessoas e me encontrar nos meus momentos de solidão.

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