AS RIQUEZAS DO INTERIOR

Riquezas do Interior, o livro de estréia da escritora mineira Elenise Evaristo, abre caminhos no cenário literário brasileiro com a telúrica brejeirice de Minas Gerais. É em horinhas de descuido, como diria o também mineiro Guimarães Rosa, que Elenise capta momentos do cotidiano das cidades do interior e, com uma linguagem leve e acessível, convida o leitor a conhecer as riquezas de suas lembranças e de sua terra. Amalgamado ao seu estilo, Elenise utiliza seu repertório de leitora que vai de Drummond a Proust, passando por Machado de Assis e Rachel de Queiroz, para dar forma a sua escrita. Nas 27 crônicas que compõem o livro, a escritora traz à tona a imagem dos contadores de “causos”, a alegria das festas tradicionais, a inata religiosidade do povo de Minas, a singularidade da cultura popular das Gerais e reverencia personalidades marcantes e importantes por sua “mineirice”, como Fernando Sabino e Juscelino Kubitschek. Sob o olhar sensível e aguçado da autora, são resgatados valores humanos que, ao contrário do que se pensa, não ficaram perdidos no tempo, mas adormecidos no íntimo de cada um. Riquezas do Interior é um convite para que esses valores sejam despertados e para que possam ser postos em prática o quanto antes. Um mergulho no interior de cada indivíduo. Uma percepção das riquezas do ser humano. É o que Elenise Evaristo desafia seu leitor a fazer. * Texto escrito por Ana Carla Nunes e Beatriz Badim de Campos

O RETORNO DAS PASTORINHAS


Em meu livro Riquezas do Interior começo falando das Pastorinhas,manifestação da tradição popular de herança Portuguesa, que veio para nosso Brasil no século XVI. Antigamente eram coordenadas pelas igrejas católicas espalhadas nas cidades, hoje podem ser feitas pelos próprios bairros. São formados praticamente por crianças e alguns adolescentes. Saem em cortejo por volta do dia 25 de Dezembro e terminam sua jornada no dia 06 de Janeiro, assim como a Folia de Reis.Representam personagens dos presépios. A manifestação  é uma representação da  viagem dos Reis Magos até a gruta onde nasceu o Menino Jesus.
O fato é que as Pastorinhas visitaram o presépio aqui em casa ontem. Começam o canto com a saudação ao Menino Deus-Pastorinha do Deserto venha cá saudar Maria, que encheu o céu de glória e os corações de alegria... -Não tem como não se arrepiar. Recordações de Natais  passados( embora eu deteste esse plural)habitam minha mente: A novena de Natal celebrada no meu bairro, quando meu pai era coordenador do  setor católico, a mesa cheia de gente  aguardando o delicioso almoço feito por minha mãe,a chuvinha que caía todo ano sagradamente nessa data, os sapatinhos deixados para ganhar presentes do“Papai Noel” trazia para continuar com a magia do Natal. As enormes bolas coloridas da Árvore carinhosamente montada. Lembranças que fizeram parte do meu eterno e terno  Natal que cultivo em meu coração. Momentos de outros Natal que felizmente poderei participar, justificativa que daria aqui em outra crônica .
Dou um salto para o futuro e retomo as Pastorinhas. Minha sobrinha Sofia, lindinha com seus 4 anos vestida também de Pastorinha, dez anos se passaram, hoje ela se encontra com catorze...  O cortejo anda de porta em porta, algumas famílias pedem que entrem. Caso tenha o presépio, todos se ajoelham, as pastoras cantam, os versos em oração,batem seus simbólicos cajados, tudo é singelo dentro de uma riqueza indizível pra quem sabe o sentido da apresentação, lembrando que o Rei dos reis nasceu na simplicidade.Os versos em oração...
As pastorinhas sob a tênue chuva, sob o escaldante sol,com suas vestimentas tradicionais , guiadas pelos representantes de Jesus , Maria e José caminham pela cidade, levando  adiante sua doce missão ; aqui em casa saúdam o presépio, com música, a batida compassada dos  cajados,o canto harmonioso, a certeza de que a fé e encanto permanecerão através dessa belíssima tradição !

Só para fechar, os últimos versos do canto:

Adeusinho até a volta
Até o ano que vem
Vocês ficam aí com Deus
Ai Ai meu Deus
Nós vamos com Deus também!






  

AVESSA À COPA

Escrevi esta crônica na Copa passada(2010) mas tá valendo  a intencionalidade!
Sei que a Copa do Mundo acontece de quatro em quatro anos, e vários times do mundo competem, e também que o evento foi criado por Jules Rimet, após ter assumido a FIFA em 1928.A primeira Copa foi realizada em 1930 e por aí em diante.Mas que asneira, fato tão ignóbil para mim.Só usei isso para dar uma ligeira introdução.
Acabei de ficar sabendo pelo foguetório que o Brasil acabou de ganhar da Coréia do Norte, 2 contra 1. Saio lá fora, os vizinhos, a cidade, o Brasil em festa. Não entendo nada de futebol, se me perguntarem de tal jogador, a qual time pertence, ignorarei, no bom sentido.
Como podem ver, sou avessa à Copa do Mundo, ou melhor, ao exagerado gasto que fazem .Pasmem, confesso também que não tenho paciência de ver os jogadores correndo atrás da bola.Nessa contradição toda, deixo claro: não que eu seja antipatriota, muito pelo contrário, estou torcendo muito pelo nosso país chegar ao Hexa.
Fui convidada para assistir o jogo na casa de amigas, com boa comida e boa bebida, mas em relação a jogos, não sei acompanhar o ritmo da torcida, me sinto um peixe fora d` água, e olha que não dispenso uma reunião em suas companhias. Na verdade, nem me imagino gritando em meio à multidão, enfeitada com apetrechos pendurados, com cornetas, bandeiras, minha timidez não permite... azar o meu!Acabei ficando aqui em casa, todos saíram, estava aqui, tomando nesta tarde fria de outono meu quentinho café com leite, que, como boa mineira, não dispenso nessa estação. Sabia dos gols pela gritaria e como disse, pelos fogos.
            Ao conectar a internet, leio em tempo real que, apesar da vitória, os jogadores deixaram muito a desejar.Mas estou confiante , ainda é o primeiro jogo. Vai lá, Brasil, faça sua parte e comemorarei feliz com meu cafezinho com leite, ou quem sabe, até arrisco uma comemoração.




 #Em “Notas sobre a desconstrução do  Popular ” o teórico cultural Stuart Hall  simplifica e afirma que a cultura popular consiste em todas essas coisas que o povo faz ou fez.#



Como já definiu o professor e escritor Jack Siqueira a “encomendação das almas” já foi tradição, como ainda o é em muitas regiões do interior de Minas Gerais.Segundo o mesmo,  durante a Quaresma, à meia noite de cada dia, alguns homens , cobertos de branco até a cabeça se reuniam na porta da Igreja e de lá saíam em direção ao cemitério rezando e entoando cânticos religiosos ao som da matraca...
Aqui em Três Corações, deparei-me  a encomendação das almas, ou melhor, mais conhecida por estes cantos como Procissão das Almas,  anos atrás. Havia ouvido falar e finalmente tive a oportunidade de participar através de referências e conhecidos.A procissão pede, se possível, uma vestimenta branca, os rezadores vão na frente com uma cruz e ao som cansado da matraca.A mulher principal usa também um véu branco na face. Os outros acompanhantes vão atrás. Saem três vezes por semana, e cada dia percorrem um bairro. Reza a tradição que não se deve olhar para trás, correndo o risco de deparar com as almas encomendadas no cemitério  na quarta-feira de cinzas e somente entregues na sexta-feira da paixão após dias de cânticos e orações em suas intenções. Ainda segundo a tradição os números de casas participantes por bairros devem ser ímpares. Algumas casas oferecem o cafezinho após a reza, já deixam a mesa posta, afinal, dizem os conhecedores do assunto , não devem sair de casa sem devida permissão dos oradores. É assim que participei da solenidade . Solenidade em oração, cantos lamuriosos e respeito aos antepassados e linda como manifestação  da cultura popular.
Mas vamos sair da introdução... Como Minas é encantada por causos, não poderia deixar de relatar aqui dois fatos que presenciei e que aconteceram na citada procissão: Primeiro -quarta-feira de cinzas, segundo ano que participei da procissão. Fui com os rezadores “encomendar” as almas no portão do Cemitério municipal. Vestida a caráter, com uma peça branca,acompanhei o evento pelas ruas do Bairro Boa Ventura. Tudo ocorreu bem na primeira casa, a oração com os tristes cantos foram proclamados e partimos para a segunda casa. Tudo ia bem, eu com meu olhar observador acompanhando a tudo e participando das ave-marias e pai-nossos, quando de repente vi um movimento estranho. Uma senhora sentada, e com a aparência estranha-outrora estava participando da reza de bom grado, e agora ali, sentada- . Pensei que estava passando mal. Mas nada, uma entidade havia tomado o corpo da pobre senhora, e com uma voz de além, clamava por luz.Fiquei assustada, afinal nunca havia visto tal manifestação, Entre rezas e com o crucifixo em punho e  os rezadores rezando e pedindo a penosa alma que subisse, o corpo havia finalmente retornado à dona.
Segundo: Bairro Triângulo, a procissão havia orado em minha casa, obviamente do lado de fora. Servimos o tradicional cafezinho aos participantes, tudo ocorreu bem e a procissão seguiu para a terceira casa após o agradecimento pelo cafezinho e quitutes. Todos  novamente com as vestimentas adequadas.Paramos em frente a fatal casa. A matraca dá o alarme, os rezadores seguem com os cânticos para introduzir as orações. Quando uma senhora grita do lado de dentro, assustada e chorosa. Explico aqui a situação...Quem havia recomendado a procissão fora uma senhora que morava ao fundo da casa da referente assustada. A porta principal da casa do fundo dava para o lado de fora, mas antes tínhamos que atravessar um corredor. Acontece que paramos em frente à porta da casa principal, pensando que a procissão seria ali,afinal ambas mulheres eram parentes ; mas a senhora da casa do fundo esqueceu de comunicar à mulher da frente, e paramos na porta errada, resultando no rolo todo, que depois foi esclarecido não antes de trêmulos  goles de água  para acalmar a assustada senhora . Confusão essa que me rendeu a crônica e no final das contas, um causo que participei.
Gostaria muito de contar mais causos sobre o ato solene em lembrança às almas, eu ia até acompanhar na atual  Quaresma pelo menos um dia, em memória e por gostar da cultura  popular,mas infelizmente fiquei sabendo que a procissão encerrou-se este ano, por falta de membros.
imagem: google


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PRIMEIRO LIVRO DE CRÔNICAS, INTITULADO “RIQUEZAS DO INTERIOR” DA ESCRITORA ELENISE EVARISTO. Este projeto visa divulgar novos nomes e publicações relacionados a Cultura da Cidade de Três Corações, através do lançamento do livro de crônicas “Riquezas do Interior”, da iniciante escritora Elenise Evaristo, contemporânea, mineira, dotada de sensibilidade e cultura e que com estes adjetivos, retrata na sua primeira publicação, embora já tenha sido apresentada ao mundo literário, através da publicação de um artigo, em livro lançado em 2008, intitulado: Quem conta um Conto de Fadas... Uma introdução aos contos de fadas dos Org. Geysa Silva e Luiz Fernando Matos Rocha. INTRODUÇÃO O Estado de Minas famoso por reunir marcas de um passado de riquezas Patrimoniais e Arquitetônicas, trazidas pelo Barroco e Rococó produzidos no século 18, e que garantiu que parte das cidades históricas adquirissem títulos de patrimônio da humanidade por parte dos órgãos responsáveis, possui ainda mais requinte quando se trata do legado da Cultura popular deixada pelos povos mais antigos. A cultura mineira tradicional fértil e diversificada, atravessa tempos e mostra para o Brasil a importância de se abrasileirar ainda mais as nossas tradições !

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Eu,por mim mesma: Virginiana, Terra, Melancólica. Tímida, Dedicada, Ciumenta, Muito Amor: Deus, família, alguém que sabe quem, amigos, Minas Gerais,e Literatura. Impulsiva, Sensível, Aspirante à escritora. Prazer: pôr-do-sol, cheiro de café coado de preferencia no coador de pano, cheiro de terra molhada, cheiro de curral, brincar com meus sobrinhos, comer bolinhos de chuva, ouvir música, assistir filmes, amo momentos simples e extasiantes Amo cozinhar. Adoro Conversar com pessoas e me encontrar nos meus momentos de solidão.

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