Hoje não estou inspirada para escrever. Procuro temas banais, procuro em volta, o sol lá fora, podia escrever sobre um dia ensolarado. Observo pessoas em minha rua; são apenas visões das quais não estou conseguindo extrair nada.

Eu que normalmente consigo extrair beleza em uma sedentária pedra, estou bloqueada. E olha que não escrevo obrigatoriamente, fico pensando nos colunistas diárias quando estes momentos catárticos surgem em suas mentes, causando transtornos profissionais.

Sento em frente ao computador, olho os objetos ao redor: uma imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, um porta-retrato com uma foto minha junto com minha sobrinha, uma pintura de uma bela paisagem num azulejo, que ganhei de alguém especial. Tenho saudades. Incansável nostalgia... podia descrever sobre a saudade, mas só a sinto, não consigo passar para o papel neste momento.Papéis espalhados ao meu redor, rascunhos, meu grampeador, meus CDS preferidos, e outros tantos objetos ao meu redor, tema algum.Quisera nesta hora ter a visão dos parnasianos, que sabiam como ninguém cultuar a forma dos objetos.

Pego algumas fotos para ver, quem sabe eu tenha alguma reminiscência. Nada. Olho para a janela, um pequenino beija-flor pousa ariscamente sobre uma planta em um vaso. Nem a suavidade da avezinha consegue me arrancar um leve suspiro de inspiração.
Leio notícias aqui na internet, notícias dão ótimas intertextualizações. Perda de tempo. Parece os dias em que estou tentando fugir da fatídica insônia. Um incômodo que me deixa estressada. Cadê as palavras?


Sabe de uma coisa? Vou dar uma volta, hoje começa o carnaval  , daqui a pouco a cidade está em festa, talvez eu me deslumbre com uma cena de um casal fantasiado de Pierrô e Colombina, devolvendo-me a epifania do instante crepuscular. Sendo assim, ponto final.

* Texto escrito no Carnaval passado, mas serve para este instante...a diferença é que hoje está chovendo. feliz Carnaval a todos!





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